Assédio moral e importância do sono são temas em comemoração ao Dia do Servidor

Publicado em: 06/11/2019 Escola Politécnica da UFRJ
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No dia 28 de outubro comemora-se o Dia do Servidor Público e para agradecer e homenagear aqueles que contribuem com o crescimento da instituição, a direção da Escola Politécnica promoveu no último dia do mês o seminário “Ambiente Saudável, Trabalho Produtivo e Serviço Público de Qualidade”.  Ao todo, 30  pessoas, entre professores e funcionários técnicos, participaram do evento que contou com um coquetel ao final das palestras.

Mediada pela Vice-Presidente da Comissão de Pessoal da Poli-UFRJ, Ana Paula Duarte Moreira, a mesa de abertura teve em sua composição o Diretor de Ensino e Extensão da Politécnica/UFRJ, Prof. Edilberto Strauss; o Diretor de Desenvolvimento Humano da Politécnica/UFRJ, Ricardo Jullian; e a Chefe do Setor de Integração e Aperfeiçoamento de pessoas – SIAP da Decania do Centro de Tecnologia, Regina Magalhães. “É muito importante não só comemorar, mas também defender o serviço público de qualidade como um direito à população. E que nós todos nos orgulhemos do nosso trabalho”, disse Jullian.

Visando conscientizar os servidores, a palestra da Dra. Cynthia Maria Simões Lopes — Procuradora Regional do Trabalho do MPT e Representante Suplente da Coordenadoria Nacional em Defesa do Meio Ambiente do Trabalho — abordou o assédio moral no local de trabalho e os mecanismos que a vítima e as testemunhas têm legalmente de se protegerem de lideranças e meios de trabalho abusivos.

Em seguida, a Dra. Maria Christina Rodrigues Menezes —  Médica do Trabalho, Consultora Técnica em Saúde Ocupacional BIOS e Ex-Sub-Secretária de Segurança, Meio Ambiente e Saúde da Secretaria de Estado do Trabalho do Rio de Janeiro — palestrou sobre a importância do sono para melhorar a produtividade e assimilação de tarefas no trabalho e aproveitou também o momento para estimular a prática de atividades lúdicas com os participantes a fim de demonstrar a importância do alongamento laboral e do apoio entre os colegas de trabalho.

Ao final, a diretora da Escola Politécnica, professora Cláudia Morgado, presenteou as palestrantes com orquídeas e um livro sobre a história da Politécnica.

“Eu achei todas as palestras essenciais e gostaria que durassem mais tempo, pois todas foram bem informativas e interessantes não só para o dia a dia da nossa vida profissional, mas também pessoal, para o nosso autoconhecimento”, comentou Luzia Faria de Jesus, Assistente Administrativa da Poli-UFRJ, sobre o seminário.

Professores da Poli-UFRJ são contemplados em editais da Faperj

Publicado em: 06/11/2019 Escola Politécnica da UFRJ
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Sete professores vinculados à Escola Politécnica da UFRJ tiveram seus projetos aprovados nos editais Programa Cientista do Nosso Estado (CNE) e Programa Jovem Cientista do Nosso Estado (JCNE), da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro – Faperj. Entre as 25 instituições contempladas, a UFRJ foi a que recebeu o maior número de bolsas (119); e das  Grandes Áreas do conhecimento a Engenharia ficou em 4° lugar com 41 bolsas disponibilizadas às universidades participantes.

O programa Cientista do Nosso Estado (CNE) é destinado a professores de reconhecida liderança em sua área, com produção científica e/ou tecnológica de alta qualidade nos últimos cinco anos, compatível com o nível de Pesquisador 1 do CNPq. Já o Jovem Cientista do Nosso Estado (JCNE) é voltado aos pesquisadores em fase intermediária da carreira acadêmica, que possuem o grau de doutor há menos de 10 anos – com data de defesa do doutoramento a partir de 1º de agosto de 2008  – e também com produção científica e/ou tecnológica de alta qualidade nos últimos cinco anos. Todos devem estar vinculados a instituições de ensino e pesquisa sediadas no estado do Rio de Janeiro.

Ambos os programas têm como objetivo apoiar, por meio de concorrência, projetos coordenados por pesquisadores de reconhecida liderança em sua área, com vínculo empregatício em instituições de ensino e pesquisa sediadas no Estado do Rio de Janeiro. As propostas selecionadas receberão recursos mensais no valor de R$3 mil por até 36 meses, como apoio para o desenvolvimento dos projetos dos pesquisadores apoiados. Conforme a Faperj estabelece, eles têm o compromisso de desenvolver, em cada um dos anos de vigência de suas bolsas, ao menos uma atividade científica/tecnológica (palestra, curso, exposição etc.) para alunos de escolas públicas (níveis fundamental ou médio) sediadas no Estado do Rio de Janeiro.


De acordo com o professor Ademir Xavier da Silva, um dos professores da Poli-UFRJ contemplados no CNE, a conquista da bolsa é algo que beneficia também tanto os alunos de graduação quanto os de pós-graduação. “O alunos da graduação participam através de Iniciação Científica e Trabalhos Conclusão de Curso em Engenharia Nuclear da Escola Politécnica. Alunos dos cursos de Mestrado e Doutorado do Programa de Engenharia Nuclear também estão envolvidos no projeto contemplado”, comenta o professor que teve aprovado um projeto que pretende determinar e analisar os níveis de concentrações de radionuclídeos naturais e artificiais presentes nos principais alimentos consumidos pela população do Estado do Rio de Janeiro.


Para o professor Assed Naked Haddad, do Departamento de Construção Civil da Poli-UFRJ, “a graduação, o exercício profissional e a pesquisa devem se retroalimentar”. Segundo ele, isso significa que a pesquisa é parte fundamental para construir um ensino de qualidade que posteriormente resulte em oportunidades profissionais e melhorias para o setor da área pesquisada.


Carmen Lucia Tancredo Borges, professora de Engenharia Elétrica e Diretora Adjunta de Relações Internacionais (DARI) da Poli-UFRJ,começou como pesquisadora da Faperj em 2007 pelo programa Jovem Cientista do Nosso Estado e neste último edital busca, por meio de seu projeto, avaliar se o sistema elétrico consegue atender a demanda de energia, levando em consideração o nível de confiabilidade da geração fotovoltaica.

Segundo a professora, como as instituições públicas possuem algumas restrições financeiras que impossibilitam o desenvolvimento pleno das pesquisas, programas de fomento como esse permitem melhorar as condições de trabalho do pesquisador através da compra de material, reparo de equipamentos, custeio de viagens para divulgação dos resultados do projeto e até o oferecimento de bolsas de iniciação científica para que os alunos auxiliem o pesquisador no projeto.

“É um reconhecimento que o pesquisador recebe pela contribuição que ele dá para a sua área de expertise e que serve para melhorar as condições de trabalho da instituição de ensino. Todo mundo ganha com isso”, afirma. Mas, para ela, a bolsa remunerada de iniciação científica é um mero detalhe que pode motivar os alunos na pesquisa, o exemplo ainda é o maior incentivador. “Todo tipo de motivação é através do exemplo, não acredito que você motive ninguém através do discurso. A melhor forma de você motivar o aluno na pesquisa é sendo apaixonado por ela”, conclui a professora Carmen Lúcia. 

Palestras sobre a construção e a manutenção da Ponte Rio-Niterói celebram 45 anos de sua inauguração

Publicado em: 10/06/2020 Escola Politécnica da UFRJ
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Inaugurada em 1974, a Ponte Rio-Niterói é um dos feitos notáveis da engenharia brasileira e seus 45 anos foram comemorados pela Escola Politécnica da UFRJ (Poli-UFRJ) com evento que reuniu os principais engenheiros envolvidos no desenvolvimento do projeto, construção, melhoria de desempenho dinâmico e manutenção da ponte no dia 30 de outubro. Na ocasião, o professor emérito Benjamin Ernani Diaz foi homenageado em Sessão Solene da Congregação da Poli-UFRJ com a medalha André Rebouças.

Os engenheiros brasileiros precisam dar mais valor ao seu potencial. Soluções brilhantes podem ser encontradas dentro do nosso país, ao invés de serem buscadas no exterior”. A afirmação foi da coordenadora do Programa Projeto de Estruturas da Escola Politécnica da UFRJ (PPE/Poli-UFRJ), prof.ª Maria Cascão Ferreira de Almeida, ao fim do evento,tendotambém destacado na abertura o importante papel de ex-alunos e professores da instituição na construção da maior ponte do hemisfério sul e uma das maiores do mundo.

Com o auditóriocheio e na presença de engenheiros, representantes de entidades e alunos de graduação e pós graduação, a programação teve início com a palestra proferida pelo professor emérito da Poli-UFRJ Benjamin Ernani Diaz, responsável técnico pelo projeto da ponte, juntamente com Antônio Alves de Noronha Filho, no primeiro escritório de engenharia civil do país a utilizar computadores para realizar cálculos numéricos de estruturas.

Ele lembrou das dificuldades enfrentadas pelos engenheiros durante o processo de elaboração do projeto e como conseguiram superá-las. “Naquela época houve um salto drástico com o uso de computadores e programas primários, já que usávamos anteriormente desenho em papel vegetal, feitos à mão. Hoje,existem diversos programas disponíveis que podem fazer análises ou modelagem, em poucos dias. Certamente, o tempo de conclusão do projeto seria menor e a precisão maior, resultando em uma solução mais completa”. E fez questão de reforçar: “Dentro do contexto atual, a ponte ainda é moderna mesmo para os cálculos efetuados no passado”.

Segundo o engenheiro e professor, os alunos da Poli-UFRJ têm que aprender a lidar com problemas complexos e utilizar cada vez mais sofisticados programas de computador. “É preciso conhecer a base destas ferramentas para entender como determinada obra foi construída”, alertou.

O professor Ernani fez uma segunda palestra, a partir da apresentação preparada pelo engenheiro Bruno Contarini, impossibilitado de comparecer ao evento por motivo de saúde. Falou sobre os grandes desafios construtivos vencidos durante a obra da Ponte Rio-Niterói.

Em seguida, o pesquisador do Programa de Engenharia Civil da Coppe/UFRJ Ronaldo Battista explicou como o projeto “Atenuadores Dinâmicos Sincronizados (ADS)” liderado por ele conseguiu reduzir em mais de 80% as oscilações provocadas pelo vento no vão central da ponteem2004.Os ventos alcançavam cerca de 55 km/h e provocavam oscilções na estrutura, interrompendo a circulação de veículos e até pânico para os motoristas que presenciavam a situação.

O gerente de engenharia na Concessionária Ecoponte, Fabio Stocco, trouxe ao público um históricodas reformas realizadas na ponte, melhorias que estão previstas e rotina de manutenção da estrutura e de seus acessos. O encerramento ficou a cargo do engenheiro Carlos Siqueira, que atuou na fiscalização da construção e até hoje atua na manutenção da ponte. “Uma obra emblemática, segura, exemplo de manutenção. A ponte recebe delegações do mundo inteiro e nos leva para China, Nigéria e Índia, para dar aula e mostrar como fazer manutenção”, contou Siqueira.

Também estiveram presentes para compor a mesa os diretores adjuntos, prof.ºEduardo Qualharini, da diretoria adjunta de Projetos e Relações Institucionais (DAPRI) e prof.º Márcio Nogueira, da diretoria adjunta de Pós-Graduação Stricto Sensu (DAPG), além da coordenadora do PPE/Poli-UFRJ, prof.ª Maria Cascão Ferreira de Almeida.

Homenagem

O professor emérito Benjamin Ernani Diaz foi homenageado em Sessão Solene da Congregação da Poli-UFRJ com a medalha André Rebouças na presença da diretora da Poli-UFRJ, professora Cláudia Morgado; do vice-reitor da UFRJ, prof.º Carlos Frederico Leão; do decano do Centro de Tecnologia, prof.º Walter IssamuSuemitsu;do presidente da Comissão de Mérito, prof.º Jorge Luiz do Nascimento; do chefe do Departamento de Estruturas, prof.º Ricardo Valeriano Alves; e da coordenadora do PPE/Poli-UFRJ, prof.ªMaria Cascão Ferreira de Almeida.

“O professor Ernani realmente encarna o espírito do engenheiro politécnico e essa capacidade deve ser elogiada e comemorada.Além disso, ele se preocupava em ensinar nos períodos do básico da Engenharia ferramentas e linguagens computacionaispara dar condição aos alunos de aprenderem conteúdos mais avançados nos últimos anos. Também encarou o desafio de ser prefeito da Cidade Universitária, uma função difícil na área de gestão, e se saiu muito bem”, destacou a diretora da Poli-UFRJ.

Ernani Diaz é formado em Engenharia Civil pela Poli-UFRJ, com o grau de Doktor-Ingenieur pela Universidade Leibniz de Hannover, na Alemanha. É autor e coautor de mais de 100 artigos publicados na área de Engenharia de Estruturas Civis e autor de diversos programas de computador. Já foi chefe do Departamento de Estruturas e prefeito da Cidade Universitária, sendo responsável pelo projeto de telefonia digital da UFRJ e do reflorestamento da Península do Catalão, participando de projetos de urbanismo, de asfaltamento e de reflorestamento da Ilha do Fundão.

“A história da minha vida está totalmente ligada à UFRJ. Eu agradeço este presente e me sinto emocionado”, celebrou o professor homenageado.

A Medalha André Rebouças foi criada em comemoração aos 225 anos da Escola Politécnica da UFRJ, ao final de 2017. Na frente, o rosto de André Rebouças (1838-1898), primeiro engenheiro negro do país. No verso está a logomarca que faz referência a um relógio, para simbolizar o tempo, com a “Ponte do Saber”, servindo de ponteiro e o pôr do sol representado pela composição de uma engrenagem simbolizando todas as Engenharias da Escola Politécnica.

06/11/2019
Escola Politécnica da UFRJ

Entrevista com Alice Cunha da Silva, engenheira nuclear

Publicado em: 04/11/2019 Escola Politécnica da UFRJ
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Quem não a conhecia e participou da VII Semana de Energia Nuclear (SEN) da Escola Politécnica da UFRJ, em meados de setembro, provavelmente se impressionou com a desenvoltura de Alice Cunha da Silva, 29 anos. Engenheira nuclear formada na Poli-UFRJ, ela falou na sessão de abertura da SEN sobre oportunidades e desafios do mercado e em painéis sobre a presença da mulher no setor nuclear e sobre os reatores do futuro.  Mais impressionante, porém, é a trajetória acadêmica e profissional da jovem filha de uma técnica de enfermagem e de um auxiliar administrativo, criada em Santíssimo, Zona Oeste do Rio de Janeiro, que costumava levar mais de duas horas para chegar ao campus da universidade.

Alice começou a graduação em 2011 e já no primeiro ano conseguiu um estágio no OakRidgeNationalLaboratory, programa de ciência e tecnologia do governo americano. Em 2015, pouco antes de concluir o curso, foi a primeira brasileira a vencer uma Olimpíada Mundial Nuclear, em Viena, na Áustria. Muito ativa durante o curso, ela participou da organização de várias edições da SEN e da criação de uma divisão estudantil da seção latino-americana da American Nuclear Society.

Participou também do programa Ciências Sem Fronteiras e passou um ano na Penn StateUniversity, na Pensilvânia, EUA. Durante o intercâmbio, estagiou na Westinghouse e, ao retornar ao Brasil, estagiou também no escritório que a empresa acabara de abrir no Rio de Janeiro. Concluída a graduação em 2016, foi contratada.  Paralelamente à rotina de engenheira nuclear, ela concluiu o MBA em Gestão e Gerenciamento de Projetos do Núcleo de Pesquisas em Planejamento e Gestão (NPPG) da Poli-UFRJ e está finalizando dissertação de mestrado em Administração na Universidade de Bordeaux, num programa de continuidade e complementação curricular, acertado entre a Poli-UFRJ e instituições de ensino francesas.

Além disso, ela integra a diretoria da Associação Brasileira de Energia Nuclear (ABEN), faz parte do comitê executivo da Women in Nuclear, que tem como um dos objetivos estimular a participação de mulheres na área nuclear, além de outras diversas organizações. Na entrevista a seguir, Alice conta mais sobre sua trajetória e fala dos desafios e oportunidades da Engenharia Nuclear no Brasil.

Como você se interessou pela Engenharia Nuclear?
Escolhi Engenharia porque sempre tive paixão pela área das ciências exatas. Fiz o curso técnico em Informática no CEFET. Achava que queria ser programadora, mas percebi que tinha que fazer algo na Engenharia, quando entendi que significava utilizar os conceitos da ciência e aplicar em benefício da sociedade. Eu vi a Engenharia como meu futuro de carreira. Na época ainda não sabia que queria a Nuclear. Descobri quando fazia meu estágio técnico. Eu faziahelp desk e manutenção de computadores numa empresa do setor nuclear que tinha funcionários que trabalhavam nos escritórios ao redor da Usina Nuclear do Brasil, lá em Angra dos Reis. Ficava curiosa com aquele prédio que eu nem sabia o que era. Já tinha decidido pela Engenharia e próximo ao vestibular soube que a UFRJ tinha acabado de criar o curso de graduação em Eng. Nuclear. Resolvi colocar como minha primeira opção para descobrir o que seria. Entrei na UFRJ e já na primeira semana comecei a me encantar com a área.


O que a encantou exatamente?
A tecnologia nuclear é muito abrangente, tem aplicações em todas as áreas da vida do ser humano e há muito desconhecimento em relação a isso. As pessoas não sabem da quantidade de aplicações na área de Medicina que têm salvado a vida de pessoas, de como a produção de energia nuclear é limpa e que alguns países têm usado como parte da solução para problemas de saúde pública para diminuir a poluição do ar. A China e até a província de Ontário, no Canadá, por exemplo, investiram nessa tecnologia também para redução da poluição do ar. A tecnologia nuclear tem aplicações no espaço, tem aplicação na irradiação do sangue, de alimentos para aumentar seu tempo de prateleira, de equipamentos médicos para esterilização e até em obras de arte para conservação.

E como foi participar e vencer a Olimpíada Mundial Nuclear 2015?
Foi uma experiência muito gratificante. Um dos objetivos desta olimpíada é divulgar os benefícios da energia nuclear para o mundo. Cada etapa valia pontos e a inscrição consistia no envio de um vídeo de até 60 segundos. Mesmo sem nenhuma habilidade em edição de vídeo, produzi o material e divulguei em jornais, internet e até em programas de rádio. As etapas seguintes exigiam carta de recomendação e envio de um estudo sobre produção de radiofármacos, que são elementos radioativos utilizados na Medicina para o diagnóstico e tratamento de doenças, como o câncer. O trabalho final foi apresentado em Viena, na Áustria. Competi com estudantes de diversos locais do mundo e na final, com outros quatro finalistas, era a única representante das Américas e única mulher. Na edição da olimpíada deste ano, participei do processo de elaboração e também fui jurada em algumas etapas.

Você fez uma apresentação na SEN num painel sobre mulher e mercado e faz parte de organizações para estimular a participação feminina na Engenharia Nuclear. Enfrentou ou enfrenta preconceitos no dia a dia?
Quando eu entrei na faculdade de Engenharia Nuclear, na minha turma erámos 25 alunos, dos quais três mulheres. Atualmente são 144 estudantes no curso todo e 23 são mulheres. Um número ainda muito reduzido. Dificuldades como profissional eu passei e ainda passo muitas vezes, como por exemplo entrar em uma reunião com o meu chefe e acharem que eu sou secretária dele. Isso já aconteceu. Ainda escuto que não tenho cara de engenheira, mas nunca me deixei abalar por esses comentários. Eu não posso deixar de pensar que eu tenho um lugar, sim, numa carreira de Ciência e Tecnologia.

Eu falo bastante em diversos eventos sobre o papel da mulher na ciência, que ainda é muito reduzido.  Em números, vemos uma maioria de mulheres na graduação, quando se leva em consideração todos os cursos, é claro, e quando você olha os números de mulheres em categorias altas na pesquisa, por exemplo, o número é extremamente reduzido. Na Engenharia ainda é muito difícil. Como engenheira nuclear trabalhando nesse ramo, desde antes da minha formação, vejo um número reduzido de mulheres chegando a posições mais altas e de liderança.

Há pesquisas que comprovam que a criança aos 6 anos começa a ter inconscientemente essa divisão do que é carreira de mulher e de homem. Então é um trabalho que tem que começar lá atrás para interromper essa visão de que existe diferença.  E, além disso, existe a necessidade de um trabalho para estimular e ajudar as mulheres a crescerem em suas carreiras, porque ainda existe preconceito e resistência em dar uma posição de liderança a quem tem possibilidade de tirar uma licença maternidade. Isso é geral, não falo especificamente do setor nuclear. Então, tem que ter um trabalho de incentivo ao empoderamento, para que elas não desistam dessa possibilidade porque não se veem representadas lá, de igualdade salarial, e contra atitudes preconceituosas no mercado de trabalho

Desde o início da graduação você foi muito atuante. Foi algo planejado?
Foi natural. Como eu não sabia exatamente o que seria a formação, tomei a iniciativa de questionar muito. Como ficaria na faculdade cinco anos, no mínimo, para me formar, eu queria saber logo o que que era aquilo que eu não conhecia. Na segunda semana de aula eu já tinha vaga num laboratório.  Também logo no início conversei com um palestrante que trabalhava em um laboratório americano e foi à universidade sobre um estágio fora do país. Essas iniciativas resultaram, logo no primeiro ano, em uma bolsa de Iniciação Científica e, na sequência, em um estágio no Tennessee, no OakRidgeNationalLaboratory. Foi um grande esforço conseguir e contei com ajuda do professor Luiz Leal, que era pesquisador nesse laboratório, em especial porque o estágio teria de ser janeiro e fevereiro que não é período de estágio lá. Depois continuei muito atuante até o fim do curso, realizei muitas visitas técnicas, participei e organizei eventos com os outros estudantes, fiz intercâmbio.

Mas o comportamento atuante não era apenas característica minha. De modo geral os estudantes da Engenharia Nuclear, principalmente os dos primeiros anos do curso criado em 2010, foram muito atuantes, e acredito que os atuais também são. Como era um curso novo, havia muito a ser desenvolvido e os estudantes tomavam a frente e tentavam participar do processo porque isso trazia crescimento para o curso que estávamos fazendo. Então, eu e os outros estudantes tivemos sempre a iniciativa de tentar trazer coisas novas, que iriam nos beneficiar dentro da UFRJ. Criamos, por exemplo, uma seção estudantil da Engenharia Nuclear que é a primeira da América Latina

O que você pode dizer para estudantes a partir da sua experiência na graduação?
Que é importante se dedicar, aproveitar as oportunidades e criá-las também. É procurar o “sim”, porque o “não” já temos. Eu usava muito esse slogan e também “quem não é visto, não é lembrado”. Participar de diferentes eventos, porque isso ajuda no networking com o setor. Meu contato com a empresa que eu trabalho hoje começou quando eu pedia patrocínio para a Semana da Engenharia Nuclear. Na universidade tive a oportunidade de conquistar coisas que não pareciam possíveis na minha família. Tentei aproveitar todas essas oportunidades e, quando não havia, tentava criar as minhas próprias oportunidades. Recebi diversos “nãos”. Até hoje eu recebo – de cursos, projetos, congressos e outros. Mas o fato de estar sempre tentando aumentou minha chance de receber alguns “sim” que foram marcantes e transformaram realmente a minha vida.

Você passou otimismo na mesa de abertura da SEN sobre as oportunidades do setor nuclear. Por favor, fale resumidamente sobre o que pensa em relação aos desafios e perspectivas do setor.
Vemos algumas decisões que o governo tem tomado para expansão do setor. Temos ouvido que o Plano Nacional de Energia, o planejamento energético feito pelo Ministério de Energia e que vai ser um plano até 2050, vai prever a expansão de usinas no país. Fora isso, existe a forte iniciativa de finalizar Angra 3, que está com a construção civil parada, e outras projetos e discussões até mesmo em áreas como mineração e radiofarmácia. Há projetos muito importantes em andamento, que apesar de atrasados em relação ao plano inicial,  serão importantes para o Brasil, como o Reator Multipropósito Brasileiro, que vai produzir radiofármacos que o Brasil hoje importa em grande quantidade. São perspectivas positivas para o setor. Quanto aos desafios, na minha opinião, um dos maiores ainda é a necessidade de mais investimentos. Estamos numa situação de contingenciamento e de muitos cortes, mas há necessidade de o governo contratar mais pessoal, por exemplo.  O setor nuclear ainda tem uma característica dos seus profissionais serem bem sêniores, então há necessidade de trazer novos profissionais, como os que a Poli-UFRJ está formando. Enfim, existem muitos desafios, muitas questões a serem tratadas, mas há essa visão positiva da iniciativa de expansão do setor, e da tomada de decisões que estavam pendentes em outros tempos e que agora vemos seguindo em frente.  

Semana da Engenharia Nuclear da Poli-UFRJ mostra desafios e oportunidades

Publicado em: 10/06/2020 Escola Politécnica da UFRJ
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Um setor com desafios e muito potencial de crescimento e oportunidades. A sentença resume o discurso predominante em palestras, mesas-redondas e painéis da VII Semana da Engenharia Nuclear (SEN), realizada de 14 a 18 de outubro.  A programação contou com a participação de profissionais do mercado, alguns ex-alunos do curso da Poli-UFRJ, e enfatizou a diversidade de frentes de uso da energia nuclear – da produção de energia à agricultura, do diagnóstico e tratamento de doenças à propulsão aeroespacial. Também foi discutida a participação das mulheres no setor.

“Superamos nossas expectativas. A participação dos alunos e o nível dos debates foram excelentes e acredito deram mais motivação e segurança sobre o cenário que nos espera”, comentou Andrey da Costa, aluno do 8º período de Engenharia Nuclear (EN) e copresidente da SEN.Vinícius Vasconcelos, do 4° período, que participou da comissão de organização, destacou o aprendizado e networking. “Muito rico o contato com que já tem experiência. Os alunos ganham muito conhecimento e começam a fazer uma rede de relacionamento.

Já Mariana Silva de Aguiar, do 8° período de EN, apontou a visita à Indústrias Nucleares do Brasil (INB) e o painel sobre acidentes nucleares (Chernobyl, Fukushima e Goiânia) como pontos altos da programação. “Precisamos saber o que aconteceu para aprender. Foram erros que não podem se repetir.”

Matheus Cardoso de Carvalho, do 4° período de EN, participou pela segunda vez de uma edição da Semana e acredita que a SEN é muito importante não só para os alunos da Nuclear,mas para os de outros cursos também. “Ela trazinformações que muitos desconhecem a respeito da Ciência Nuclear, das suas aplicações e das tecnologias que envolve no cenário nacional e mundial.As palestras, num geral, são muito informativas”, comentou destacando também o painel sobre os acidentes: “Foi importante não só para sabermos mais sobre as falhas, mas o que foi feito para resolver.”

O professor e coordenador do Programa de Engenharia Nuclear da Coppe/UFRJ, Paulo Frutuoso, que supervisionou o evento realizado por alunos de graduação em Engenharia Nuclear da Escola Politécnica e alunos de pós-graduação da Coppe, destacou o protagonismo dos organizadores e a importância que o contato estabelecido com empresas pode ter para os futuros profissionais. “Além da riqueza da programação, eles conseguem contato com as empresas e isso significa depois possibilidade de estágio, de emprego, e eventualmente até intercâmbio”, resumiu.

A Semana de Engenharia Nuclear teve patrocínio da Eletrobras, Rosatom, Framatome e apoios da Westinghouse, Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) e Indústrias Nucleares do Brasil (INB).

Programação
14 DE OUTUBRO – SEGUNDA-FEIRA

HorárioProgramação
6:00 – 17:00Visita Técnica à INB – Indústrias Nucleares do Brasil

15 DE OUTUBRO – TERÇA-FEIRA (AUDITÓRIO HORTA BARBOSA – CT BLOCO A)

HorárioProgramação
8:30 – 10:00Credenciamento e café da manhã
10:00 – 12:00Abertura VII SEN
-Andrey Costa (Co-presidente da SEEN)
-Katheren Nantes (Co-presidente da SEEN)
-Paulo Fernando F. Frutuoso e Melo (Coordenador do PEN)
-Andressa dos Santos Nicolau (Coordenadora da Graduação)
-Marcelo Gomes (Eletronuclear)
-Ruan Nunes (Rosatom América Latina Vice-presidente)
-Giulia Di Sipio (Framatome)
-Alice Cunha da Silva (Westinghouse)
– Maria Alice Ferruccio (Diretoria Adjunta de Carreira e Empreendedorismo – DACE/Poli)
12:00 – 13:30Almoço
13:30 – 14:30Mesa Redonda: Mulheres do setor nuclear (WIN)
-Andressa dos Santos Nicolau (COPPE/UFRJ)
-Katheren Nantes (Co-presidentes da SEEN)
-Anna Leticia Sousa (CNEN)
-Alice Cunha (Westinghouse)
14:30 – 16:00Palestra: Projeto Terra – Propulsão Nuclear Aeroespacial
-Lamartine Nogueira Frutuoso Guimarães (IEAv)

16 DE OUTUBRO – QUARTA-FEIRA (AUDITÓRIO DA COPPE)

HorárioProgramação
8:30 – 12:00Workshops
-SolidWorks (Icarus)
-LaTeX (A3+)
12:00 – 13:00Almoço
14:00 – 15:00Painel 1: Medicina Nuclear e a Produção de Radiofármacos
-Fernando Fernandes (UFF)
-Julio Cezar Suita (IEN)
15:00 – 15:30Coffee Break
15:30 – 17:00Painel 2: Usos Alternativos da Energia Nuclear: Agricultura, Indústria e Irradiação de Alimentos
-Ricardo Tadeu Lopes (COPPE/UFRJ)
-José Otávio Pedy(COPPE/UFRJ)
-Edgar de Jesus (COPPE/UFRJ)

17 DE OUTUBRO – QUINTA-FEIRA (AUDITÓRIO DA COPPE)


Horário
Programação
8:30 – 12:00Workshops
-SolidWorks (Icarus)
-Excel (Atuar Cursos)
12:00 – 13:00Almoço
13:00 – 15:00Painel 3: Reatores do Futuro
-Alice Cunha da Silva (Westinghouse)
-André Luiz Salgado (Framatome)
-Ruan Nunes (Rosatom)
-Leonardo Paredes Pires (Rosatom)
15:00 – 15:30Coffee Break
15:30 – 17:00Painel 4: O Futuro da Nuclear no Brasil
-Marcelo Gomes (Eletronuclear)
-Renato Vieira da Costa (INB)

18 DE OUTUBRO – SEXTA-FEIRA (AUDITÓRIO DA COPPE)


Horário
Programação
9:30 – 12:00Painel 5: Acidentes Nucleares – Chernobyl, Fukushima e Goiânia
-Andressa dos Santos Nicolau (COPPE/UFRJ)
-Marco Antônio Bayout (UFRJ/CNEN)
-Magno de Oliveira (Ex-Eletronuclear)
12:00 – 13:00Almoço
13:00 – 14:30Palestra: Introdução à Física dos Explosivos Nucleares
-Wilson Freitas Rebello da Silva Júnior (UERJ)
14:30 – 15:30Cerimônia de Encerramento

Poli-UFRJ e Amazônica Energy firmam acordo para programas de cooperação em pesquisas e desenvolvimento científico e tecnológico

Publicado em: 10/06/2020 Escola Politécnica da UFRJ
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A Escola Politécnica da UFRJ (Poli-UFRJ) e a Amazônica Energy firmaram acordo para estabelecer programas de cooperação na realização de pesquisas e desenvolvimento científico e tecnológico. A parceria pretende estimular inovações na área de projetos de infraestrutura de gás natural e energia elétrica na região amazônica.O documento foi assinado no último dia 9 na presença da diretora da Poli-UFRJ, professora Cláudia Morgado, do diretor adjunto de Projetos e Relações Institucionais (DAPRI) e coordenador do Núcleo de Pesquisas em Planejamento e Gestão (NPPG), professor Eduardo Qualharini, e do presidente da Amazônica Energy, Marcelo Araújo. Durante o próximo o mês será criado um “Escritório de Projetos”, com o intuito de reconhecer as atividades e oportunidades da empresa nos próximos dois anos.A Amazônica Energy é uma empresa brasileira de comercialização de gás natural, que desenvolve no momento um programa de distribuição deste produto na região amazônica. O programa se encontra em fase final de estruturação financeira e logística, e se propõe a iniciar operações no primeiro trimestre de 2023. O escopo contemplará bases de estocagem de gás natural liquefeito (GNL) em Barcarena e Itacoatiara, além de centros de distribuição em várias cidades, atendendo a termelétricas, clientes industriais e distribuidoras de gás da região.Segundo Qualharini, a Amazônica Energy conta com a Escola Politécnica para a realização de estudos sobre aspectos específicos de engenharia (gerenciamento, planejamento e análise de escopo), além de estudos das interfaces ambientais. Em contrapartida, a Poli-UFRJ poderá beneficiar-se não apenas com os recursos oriundos da consultoria, mas também com a produção acadêmica associada a tais estudos, mobilizando professores e laboratórios. Os alunos serão beneficiados na medida em que forem alocados às equipes de realização dos estudos.  
02/10/2019
Escola Politécnica da UFRJ

InterpoliTalks reúne intercambistas brasileiros e portugueses para troca de experiência no dia 10/10

Publicado em: 02/10/2019 Escola Politécnica da UFRJ
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Com o objetivo de estimular o compartilhamento de experiência sobre como é estudar no exterior, a Escola Politécnica da UFRJ (Poli-UFRJ) convidou os alunos Thaís Ventura e Lucas Cerqueira, que fizeram intercâmbio na Politecnicodi Milano e Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), respectivamente, e João Fonseca, intercambista na UFRJ vindo da FEUP, para palestrarem em um evento aberto sobre suas vivências em outros países. A atividade será realizada na sala D-220 do Centro de Tecnologia, no dia 10 de outubro, das 12h às 13h.

A iniciativa faz parte do projeto InterpoliTalks, um encontro organizado pelo grupo Interpoli e apoiado pela Diretoria Adjunta de Relações Internacionais da Escola Politécnica (DARI-Poli). As apresentações acontecem pelo menos três vezes por semestre e normalmente são tematizadas e classificadas por países. Na ocasião, os palestrantes vão abordar questões e dificuldades enfrentadas por eles, como procedimentos dos editais, locação de apartamento, rotina acadêmica e proficiência linguística.

Segundo o presidente do Interpoli, Nicollas Moreira, ogrupo cria um ambiente acolhedor para os intercambistas e fortalece a imagem da UFRJ no cenário internacional. “A missão do grupo é dar todo suporte aos alunos de fora, proporcionando oportunidades culturais, acadêmicas e pessoais, minimizando as dificuldades e maximizando o aproveitamento durante o intercâmbio. Em consequência disso, melhoramos a imagem do Brasil no exterior, tornando a UFRJ uma universidade ainda mais procurada e respeitada”, explica Nicollas.

Aprovado no último processo seletivo do Interpoli, o aluno Fábio Batista Júnior, de Engenharia Mecânica, revela a importância de participar do grupo para sua formação: “Para mim, o Interpoli foi um diferencial no mundo acadêmico. É um projeto que faz você desenvolver suas competências tanto linguísticas quanto interpessoais. Ele não só te dá a oportunidade de realizar um intercâmbio cultural, mesmo sem sair da UFRJ, como também a de expandir seunetworking Brasil afora”.

Quem tiver interesse em participar do encontro ou se tornar um voluntário, pode entrar em contato pelo e-mail interpoli@poli.ufrj.br. Mais informações no site http://interpoli.poli.ufrj.br/.

Setembro Amarelo: conscientização de prevenção ao suicídio

Publicado em: 10/06/2020 Escola Politécnica da UFRJ
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Durante a Semana da Saúde Mental da Poli-UFRJ, realizada de 16 a 20 de setembro, a professora de Psicologia Médica da UFRJ Lina Rosa Morais colocou em pauta um tema pouco debatido: o suicídio. Na palestra “Quando a vida se enche de reticências”, ela procurou abordar de forma leve um assunto difícil, pesado e doloroso, que precisa ser discutido também no âmbito acadêmico.De início, é preciso entender que há diferença entre tristeza e depressão. A professora apontou que a diferença está na quantidade e continuidade da tristeza. “Quando esse sentimento se aprofunda e enraíza no interior do sujeito, os planos passam a ser mais concretos e pragmáticos, e nesse momento o indivíduo pode cometer o ato suicida.”
Além de um quadro depressivo, que pode se arrastar por meses e até mesmo anos, outros comportamentos podem ajudar a identificar um suicida em potencial. “Ter sentimento intensificado de ansiedade, raiva ou ressentimento, percepção de perda de controle e de que não há saída, sentimento de incapacidade para superar a dor e manifestar a crença de que o ato pode acabar com os seus sofrimentos internos e externos. Pessoas depressivas ou com pensamentos suicidas não necessariamente verbalizam esse desejo e podem passar despercebidas, sob aparente bem-estar e felicidade. Porém, ao menor sinal é preciso estar atento”, explicou a professora, que é médica, especializada em psiquiatria.
Negar o pensamento suicida também não exclui o seu risco. Desesperança, tentativas anteriores e autoagressão também dão indícios de que a pessoa esteja considerando de forma séria a possibilidade. “Identificando, uma forma de ajudar pessoas nessa situação é acolhê-la com empatia, estabelecer um vínculo de forma que o outro se sinta confortável em se abrir, falando sempre com clareza e cuidado, tendo uma atitude respeitosa e mostrando-se flexível e disponível. A vida vai acontecer no ritmo que tiver de acontecer. É importante não diminuir o sofrimento do outro, porque só ele sabe o que está sofrendo”, ressaltou Lina Rosa.No dia anterior à apresentação e debate sobre suicídio, na palestra sobre Saúde Mental no Ensino Superior, a professora de Terapia Ocupacional da UFRJ Carolina Alonso também deu algumas dicas sobre o assunto. “Mesmo para quem não é um profissional da saúde, é muito importante saber acolher e ouvir. O primeiro acolhimento faz toda a diferença”, disse, sugerindo que, após o acolhimento, haja iniciativa de encaminhar o indivíduo a algum profissional dentro da faculdade (os alunos podem procurar a DAPE ou a própria diretoria da Poli-UFRJ) e/ou a um profissional da área de psicologia. 
26/09/2019
Escola Politécnica da UFRJ

Saúde Mental no Ensino Superior: como anda a sua?

Publicado em: 10/06/2020 Escola Politécnica da UFRJ
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Privação do sono, problemas financeiros, competição com outros alunos, baixo rendimento nas disciplinas, dificuldades em gerir diferentes responsabilidades como trabalho e estudo são apenas alguns dos fatores que podem influenciar na saúde mental dos universitários. Para debater o assunto, Thiago Pinheiro, psicólogo e terapeuta cognitivo-comportamental, expôs na Semana da Saúde Mental da Poli-UFRJ, realizada de 16 a 20 de setembro, um panorama abrangente sobre o tema que afeta os universitários.

Na ocasião, ele apresentou descrições para quatro possíveis transtornos. Vale lembrar que ao desconfiar de algum dos sintomas que possam estar prejudicando a própria saúde mental ou de algum colega, a orientação é procurar um profissional da saúde especializado, como psicólogo e psiquiatra.Confira os sintomas para algumas doenças, de acordo com o DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais):Depressão• Humor deprimido na maior parte do dia
• Perda do interesse e do prazer nas atividades
• Alteração do apetite
• Dificuldade para dormir ou sonolência constante
• Cansaço e perda de energia
• Sentimentos de ser inútil, sentir culpa excessiva, falta de esperança.
• Agitação ou retardo motor (percebido por outras pessoas).
• Dificuldade para pensar, se concentrar, tomar decisões.
• Pensamentos recorrentes sobre morrer, desejo de aliviar o sofrimento, pensar em comopoderia fazer isso.Transtorno de Pânico• Ocorrência de ataques de pânico, sendo um surto de medo intenso e desconforto apresentando diversos sintomas (coração acelerado, sudorese, tremores, falta de ar e sufocamento, náusea, tontura, medo de morrer ou perder o controle).
• Preocupações e medo de ter novos ataques de pânico e de suas consequências.
• Mudança de comportamento a fim de evitar os ataques.Ansiedade Social• Medo e/ou ansiedade exagerado diante situações sociais em que possa se sentir avaliado por outras pessoas.
• Medo de demonstrar para outras pessoas que está ansioso e ser avaliado negativamente por isso.
• As situações sociais quase sempre geram ansiedade e medo.
• As situações sociais são evitadas ou suportadas com intenso medo e ansiedade.Ansiedade Generalizada• Ansiedade e preocupações excessivas, ocorrendo na maior parte do tempo sobre os mais diversos assuntos.
• Sensação de ser difícil controlar as preocupações.
• Apresenta sintomas como se sentir a com nervos à flor da pele, inquietação, fadiga, dificuldade para se concentrar, sensação de branco, irritabilidade, tensão muscular e dificuldades para dormir. 
26/09/2019
Escola Politécnica da UFRJ

Como lidar com a procrastinação e organizar os estudos

Publicado em: 10/06/2020 Escola Politécnica da UFRJ
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O ato de procrastinar uma tarefa pode prejudicar não só o rendimento acadêmico como também o próprio bem-estar e saúde mental do aluno. Na Semana da Saúde Mental, promovida pela Poli-UFRJ e organizada pela DAPE,de 16 a 20 de setembro, o psicólogo e terapeuta cognitivo-comportamental Thiago Pinheiro contribuiu para o debate com a palestra “Saúde Mental no Ensino Superior” e apontou formas de lidar com a procrastinação e ser mais produtivo.

Segundo ele, os fatores que levam alguém a procrastinar uma ação podem estar relacionados ao medo da desaprovação ou crítica, pouca tolerância à frustração, autoacusaçãoe sentimento de culpa, falta de esperança e medo do fracasso. Menosprezar as próprias conquistas e buscar a perfeição também contribuem para a falta de ação. É preciso refletir o que está de fato atrapalhando o rendimento, para não repetir o mesmo erro numa próxima ocasião. É necessário pensar o que a pessoa faz quando procrastina, de onde vem a necessidade de fazer tudo perfeito, o que evita ou deixa de entrar em contato e como lida com a sensação de tempo perdido ou de que ainda há muito a ser feito.

Aprender a gerenciar o próprio tempo é essencial para administrar também as muitas demandas que surgem tanto da faculdade como de outros lugares, como o trabalho ou as responsabilidades com as tarefas domésticas. Em relação aos estudos, quando as emoções e os pensamentos são afetados pela procrastinação é o momento de agir.

Confira, abaixo, o método “A.N.D.A. L.O.G.O.”, desenvolvido pelo psicólogo Heitor Hirata, para evitar a procrastinação:

• Agende suas atividades
Marque na agenda os horários fixos e de rotina, identifique os horários livres e encaixe na rotina tarefas que sejam relacionadas às suas metas. Organize as tarefas por ordem de urgência e dificuldade. Você pode começar da seguinte forma as tarefas: mais urgente e fácil, mais urgente e difícil, menos urgente e fácil, menos urgente e difícil.

• Negue as distrações
Identifique e evite distrações. Procure ir para um lugar silencioso e evite deixar o celular por perto.

• Defina o tempo para cada atividade
O mais importante é o tempo bem utilizado do que a quantidade do que é feito. Crie metas como, por exemplo “farei cinco exercícios de cálculo em uma hora”.

• Avance pouco a pouco
Divida cada tarefa em microtarefasque sejam mais fáceis de se fazer. Por exemplo, no caso de uma lista de exercício, talvez seja mais interessante fazer apenas alguns do que ficar focado em querer fazer todos em tempo curto.

• Livre-se dos pensamentos procrastinadores
Pensamentos como “ainda tenho muito tempo para fazer isso”, “as provas estão longe” ou “depois que eu assistir um pouco de TV eu começo” não ajudam em nada. Identifique quais são os seus.

• Olhe para o relógio
Ter um despertador ou algum aplicativo de gerenciamento do tempo ajudam você a monitorá-lo e ter maior controle do quanto despende para cada ação.

• Gerencie seu tempo
Avalie o rendimento que você tem em determinado tempo. É melhor estudar 30 minutos bem do que ficar duas horas estudando cansado.

• Orgulhe-se do seu progresso
Cuidado para não deixar a autocobrança falar mais alto. Também é muito importante saber reconhecer as próprias conquistas e orgulhar-se de seus feitos.

Você sabia que a Diretoria Adjunta de Políticas Estudantis (DAPE) costuma realizar oficinas de organização de estudos? A primeira edição foi em agosto. Procure a diretora da DAPE, Marta Tapia, para manifestar interesse nas próximas edições: dape.diretora@poli.ufrj.br
26/09/2019
Escola Politécnica da UFRJ