Conheça a história da Escola Politécnica
A Escola Politécnica tem sua origem em 1792, num contexto fervilhante do século XVIII.
O Brasil era ainda colônia de Portugal. Ideias libertárias surgiam nas palavras de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, e de Tomás Antônio Gonzaga, o Poeta, nomes que marcaram a Inconfidência Mineira, levada ao fim com a condenação e morte de Tiradentes.
Foi também em 1792 que o vice-rei D. Luiz de Castro, 2º Conde de Rezende, assinou os estatutos aprovando a criação da Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho ─ começou aí o ensino de disciplinas que seriam a base da Engenharia no Brasil. Numa época em que poucos países, além da França, possuíam escolas para a formação regular de engenheiros, a criação da Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho, que sucedeu a antiga Aula de Fortificação do Rio de Janeiro (criada em 1699), foi um marco. Ela não era uma simples aula como os cursos anteriores, tendo já o caráter de um verdadeiro instituto de ensino superior, com organização comparável aos demais de sua época.
Mais tarde, já em 4 de dezembro de 1810, o Príncipe Regente, futuro Rei D. João VI, assinou uma lei criando a Academia Real Militar, que veio suceder e substituir a Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho, e de onde descendem, em linha direta, a famosa Escola Politécnica do Rio de Janeiro, posteriormente chamada de Escola Nacional de Engenharia, alterada em seguida para Escola de Engenharia da UFRJ e, hoje, voltando a ser a Escola Politécnica, agora da UFRJ.
A Engenharia brasileira nasceu em berço militar. Foi com o objetivo de construir fortificações que defendessem a colônia, ainda tão vulnerável a ataques de outros povos e corsários, que a Coroa Portuguesa determinou que engenheiros estrangeiros começassem a ensinar técnicas de fortificações, matemática, ciências e artilharia a oficiais brasileiros.
Da Casa do Trem (atualmente parte do Museu Histórico Nacional), a Academia Real Militar teve sua sede transferida, em 1812, para o Largo de São Francisco de Paula, ocupando o primeiro prédio construído no Brasil para abrigar uma Escola hoje dita superior. A Escola situada no Largo de São Francisco é considerada o Berço da Engenharia Brasileira, funcionando ali até 1966. Atualmente, o prédio está ocupado pelos Institutos de Filosofia e Ciências Sociais e de História da UFRJ.
A Academia Real Militar passou à denominação de Escola Militar e, em 1858, passou a chamar-se Escola Central. O ensino nessa Escola abrangia três cursos distintos: um curso teórico de Ciências Matemáticas, Físicas e Naturais, um curso de Engenharia e Ciências Militares, e um curso de Engenharia Civil, voltado para as técnicas de construção de estradas, pontes, canais e edifícios, que era ministrado aos não-militares, ou seja, aos civis que frequentavam as aulas. O nome civil ainda não tinha sido empregado, nem fora mencionado na Carta Régia que instituiu a Academia.
Em 1874, a Escola Central transferiu-se do Ministério do Exército para o Ministério do Império, e passou a ser denominada Escola Politécnica, atendendo apenas alunos civis. Além de bacharéis em ciências e engenheiros civis, que já se formaram pela Escola Central, foram criadas novas especialidades de engenharia. Até meados do século XX, seus programas de ensino eram considerados padrões para todas as escolas de engenharia do país e, por sua influência, muitas são denominadas, até hoje, Escola Politécnica. Em 1937 passou a se chamar Escola Nacional de Engenharia e, em 1965, já na Cidade Universitária, passou a se chamar Escola de Engenharia. Posteriormente, em 2003, voltou a se intitular Escola Politécnica, por ter sido esse o nome em que ela atingiu o apogeu de sua fama e prestígio, em que se tornou reconhecida no âmbito nacional e internacional.