Durante a Semana da Saúde Mental da Poli-UFRJ, realizada de 16 a 20 de setembro, a professora de Psicologia Médica da UFRJ Lina Rosa Morais colocou em pauta um tema pouco debatido: o suicídio. Na palestra “Quando a vida se enche de reticências”, ela procurou abordar de forma leve um assunto difícil, pesado e doloroso, que precisa ser discutido também no âmbito acadêmico.De início, é preciso entender que há diferença entre tristeza e depressão. A professora apontou que a diferença está na quantidade e continuidade da tristeza. “Quando esse sentimento se aprofunda e enraíza no interior do sujeito, os planos passam a ser mais concretos e pragmáticos, e nesse momento o indivíduo pode cometer o ato suicida.” Além de um quadro depressivo, que pode se arrastar por meses e até mesmo anos, outros comportamentos podem ajudar a identificar um suicida em potencial. “Ter sentimento intensificado de ansiedade, raiva ou ressentimento, percepção de perda de controle e de que não há saída, sentimento de incapacidade para superar a dor e manifestar a crença de que o ato pode acabar com os seus sofrimentos internos e externos. Pessoas depressivas ou com pensamentos suicidas não necessariamente verbalizam esse desejo e podem passar despercebidas, sob aparente bem-estar e felicidade. Porém, ao menor sinal é preciso estar atento”, explicou a professora, que é médica, especializada em psiquiatria. Negar o pensamento suicida também não exclui o seu risco. Desesperança, tentativas anteriores e autoagressão também dão indícios de que a pessoa esteja considerando de forma séria a possibilidade. “Identificando, uma forma de ajudar pessoas nessa situação é acolhê-la com empatia, estabelecer um vínculo de forma que o outro se sinta confortável em se abrir, falando sempre com clareza e cuidado, tendo uma atitude respeitosa e mostrando-se flexível e disponível. A vida vai acontecer no ritmo que tiver de acontecer. É importante não diminuir o sofrimento do outro, porque só ele sabe o que está sofrendo”, ressaltou Lina Rosa.No dia anterior à apresentação e debate sobre suicídio, na palestra sobre Saúde Mental no Ensino Superior, a professora de Terapia Ocupacional da UFRJ Carolina Alonso também deu algumas dicas sobre o assunto. “Mesmo para quem não é um profissional da saúde, é muito importante saber acolher e ouvir. O primeiro acolhimento faz toda a diferença”, disse, sugerindo que, após o acolhimento, haja iniciativa de encaminhar o indivíduo a algum profissional dentro da faculdade (os alunos podem procurar a DAPE ou a própria diretoria da Poli-UFRJ) e/ou a um profissional da área de psicologia. |
26/09/2019 Escola Politécnica da UFRJ |