Após três dias de apresentações e debates relacionados à preservação do Meio Ambiente e Sustentabilidade, a edição deste ano da Semana do Meio Ambiente da Escola Politécnica da UFRJ chegou ao fim. Professores, alunos e técnicos de empresas e instituições tiveram a oportunidade de conhecer melhor iniciativas e aprofundar o conhecimento sobre o setor.
A abertura do evento aconteceu na última terça-feira (7/6), com a participação da diretora adjunta de Ensino e Extensão da Politécnica-UFRJ, Adriana da Cunha Rocha. Em seguida, os professores da instituição Marcos Barreto e Marcelo Miguez, e o coordenador de Estudos, Pesquisas e Treinamento da Defesa Civil do Rio de Janeiro, Alexander de Araujo, analisaram o papel da chuva na incidência de deslizamentos e alagamentos, responsáveis por causarem danos às cidades e fatalidades, principalmente em áreas de risco.
“A chuva não é a vilã, mas sim um elemento essencial para a vida e o clima. A forma como ela interage com a bacia hidrográfica e como gera as vazões, que provocam as inundações, é que precisa ser estudada. É muito difícil falar de drenagem urbana sustentável e resiliente, se o crescimento urbano for desordenado. As inundações são cada vez mais recorrentes em todo mundo e trazem o maior número de vítimas e prejuízos associados aos desastres naturais”, explicou o professor Marcelo Miguez durante o bate-papo virtual.
Já no segundo dia, o gerenciamento de resíduos sólidos foi amplamente abordado pelos palestrantes, com apresentações de projetos voltados à redução do impacto destes resíduos no Meio Ambiente. A pesquisadora do Laboratório de Dinâmica de Sedimentos Coesivos da UFRJ e também coordenadora adjunta do Projeto Orla Sem Lixo, Carla Sabino, falou sobre a iniciativa, vinculada à Politécnica-UFRJ, responsável por desenvolver soluções efetivas e sustentáveis capazes de barrar o lixo flutuante que desemboca na Baía de Guanabara.
Na sequência, Bernardo Ornelas, gestor no Centro de Tratamento Mecânico-Biológico do Ecoparque Caju e membro do Escritório de Sustentabilidade da Comlurb, mostrou como a primeira unidade de biometanização da América Latina transforma a matéria orgânica dos resíduos sólidos urbanos em biogás, utilizado para a geração de energia e de biocombustível, não-poluente. “Hoje, o Rio de Janeiro é a cidade que mais emite gás de efeito estufa no país, dentro do setor de resíduos, justamente por essa geração de mais de 10 mil toneladas de resíduos por dia”, complementou Ornelas.
Também compôs o debate, o ex-aluno de Engenharia Ambiental da Politécnica-UFRJ e fundador do Ciclo Orgânico, Lucas Chiabi. Ele, que é entusiasta da compostagem, contou um pouco sobre a sua trajetória na UFRJ e idealização do projeto de transformar lixo orgânico em adubo, que atende atualmente mais de 4 mil famílias do Rio de Janeiro. “A gente sonha que um dia o resíduo orgânico seja tratado com o devido valor”, pontuou Chiabi.
O último dia de evento foi dedicado a tratar do setor de óleo, gás e eólico no Brasil e dos benefícios e desafios para a descarbonização, com destaque para a transição energética, eficiência energética, energias renováveis e tecnologias do hidrogênio. Participaram do bate-papo, o superintendente de Exploração na ANP, Marina Abelha; o pesquisador do Departamento de Transição Energética e Sustentabilidade do Cepel, Ary Vaz Pinto; o professor do Departamento de Engenharia Elétrica da Politécnica-UFRJ Robson Dias; e a professora do PEA Ofélia de Queiroz.
De acordo com o professor Robson Dias, o país tem vivido, além do gargalo tecnológico, uma demanda grande de produtos que deveriam responder na mesma velocidade, sejam eles para as mais variadas fontes de energia. “Isso está acontecendo em vários setores, não só na parte de renováveis. Particularmente, nós sofremos muito com os semicondutores, pois há uma escassez de fabricação desse produto e o lead timing está sendo muito longo. Estamos vivendo uma corrida para tentar suprir essa demanda para utilização dos materiais”, alertou.
O evento foi organizado pela coordenadora do curso de graduação em Engenharia Ambiental, Monica Pertel; pelo coordenador do Programa de Engenharia Urbana (PEU), Julio Torres; pela coordenadora do Programa de Engenharia Ambiental (PEA), Lidia Yokoyama; e pela diretora de Ensino do Grêmio Acadêmico de Engenharia Ambiental (GAEA), Manoela Menna Barreto.
A transmissão da Semana foi realizada pelo canal da Escola Politécnica no YouTube, em razão do recente aumento de casos de Covid-19. As palestras estão disponíveis para visualização em:
- A culpa é da chuva? Desastres ambientais e a drenagem urbana
- Resíduo ou recurso? Gerenciamento de resíduos sólidos, meio ambiente e economia
- Qual é o futuro da energia? Transição energética, gás natural e descarbonização
Conheça alguns dos projetos da Politécnica-UFRJ apresentados na Semana do Meio Ambiente 2022:
Orla Sem Lixo – O projeto é responsável por desenvolver soluções efetivas e sustentáveis capazes de barrar o lixo flutuante que desemboca na baía de Guanabara e ao mesmo tempo criar um modelo de geração de trabalho e renda. O projeto, contemplado recentemente pelo edital Cientista do Nosso Estado da FAPERJ, conta com a participação de mais de 70 integrantes, entre eles, professores, alunos de graduação, mestrado, doutorado e iniciação científica da UFRJ, UFF e IFRJ. Saiba mais em: https://orlasemlixo.com/
Encosta Viva – O projeto nasceu corroborado pelas diretrizes internacionais de gestão de riscos, que indicam que sem a participação da população, não é possível alcançar uma redução de riscos eficiente. Com isso, busca realizar ações socioeducativas baseadas nos preceitos da interdisciplinaridade, intersetorialidade, interatividade, inovação, conexão com o mundo real, envolvendo ambientes formais e não formais de educação. Entre as instituições parceiras estão Espaço Ciência Viva, CNPq, Faperj e INCT Reageo. Saiba mais em: https://encostaviva.poli.ufrj.br/index.php/oprojeto/