Palestras sobre a construção e a manutenção da Ponte Rio-Niterói celebram 45 anos de sua inauguração

Publicado em: 10/06/2020 Escola Politécnica da UFRJ
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Inaugurada em 1974, a Ponte Rio-Niterói é um dos feitos notáveis da engenharia brasileira e seus 45 anos foram comemorados pela Escola Politécnica da UFRJ (Poli-UFRJ) com evento que reuniu os principais engenheiros envolvidos no desenvolvimento do projeto, construção, melhoria de desempenho dinâmico e manutenção da ponte no dia 30 de outubro. Na ocasião, o professor emérito Benjamin Ernani Diaz foi homenageado em Sessão Solene da Congregação da Poli-UFRJ com a medalha André Rebouças.

Os engenheiros brasileiros precisam dar mais valor ao seu potencial. Soluções brilhantes podem ser encontradas dentro do nosso país, ao invés de serem buscadas no exterior”. A afirmação foi da coordenadora do Programa Projeto de Estruturas da Escola Politécnica da UFRJ (PPE/Poli-UFRJ), prof.ª Maria Cascão Ferreira de Almeida, ao fim do evento,tendotambém destacado na abertura o importante papel de ex-alunos e professores da instituição na construção da maior ponte do hemisfério sul e uma das maiores do mundo.

Com o auditóriocheio e na presença de engenheiros, representantes de entidades e alunos de graduação e pós graduação, a programação teve início com a palestra proferida pelo professor emérito da Poli-UFRJ Benjamin Ernani Diaz, responsável técnico pelo projeto da ponte, juntamente com Antônio Alves de Noronha Filho, no primeiro escritório de engenharia civil do país a utilizar computadores para realizar cálculos numéricos de estruturas.

Ele lembrou das dificuldades enfrentadas pelos engenheiros durante o processo de elaboração do projeto e como conseguiram superá-las. “Naquela época houve um salto drástico com o uso de computadores e programas primários, já que usávamos anteriormente desenho em papel vegetal, feitos à mão. Hoje,existem diversos programas disponíveis que podem fazer análises ou modelagem, em poucos dias. Certamente, o tempo de conclusão do projeto seria menor e a precisão maior, resultando em uma solução mais completa”. E fez questão de reforçar: “Dentro do contexto atual, a ponte ainda é moderna mesmo para os cálculos efetuados no passado”.

Segundo o engenheiro e professor, os alunos da Poli-UFRJ têm que aprender a lidar com problemas complexos e utilizar cada vez mais sofisticados programas de computador. “É preciso conhecer a base destas ferramentas para entender como determinada obra foi construída”, alertou.

O professor Ernani fez uma segunda palestra, a partir da apresentação preparada pelo engenheiro Bruno Contarini, impossibilitado de comparecer ao evento por motivo de saúde. Falou sobre os grandes desafios construtivos vencidos durante a obra da Ponte Rio-Niterói.

Em seguida, o pesquisador do Programa de Engenharia Civil da Coppe/UFRJ Ronaldo Battista explicou como o projeto “Atenuadores Dinâmicos Sincronizados (ADS)” liderado por ele conseguiu reduzir em mais de 80% as oscilações provocadas pelo vento no vão central da ponteem2004.Os ventos alcançavam cerca de 55 km/h e provocavam oscilções na estrutura, interrompendo a circulação de veículos e até pânico para os motoristas que presenciavam a situação.

O gerente de engenharia na Concessionária Ecoponte, Fabio Stocco, trouxe ao público um históricodas reformas realizadas na ponte, melhorias que estão previstas e rotina de manutenção da estrutura e de seus acessos. O encerramento ficou a cargo do engenheiro Carlos Siqueira, que atuou na fiscalização da construção e até hoje atua na manutenção da ponte. “Uma obra emblemática, segura, exemplo de manutenção. A ponte recebe delegações do mundo inteiro e nos leva para China, Nigéria e Índia, para dar aula e mostrar como fazer manutenção”, contou Siqueira.

Também estiveram presentes para compor a mesa os diretores adjuntos, prof.ºEduardo Qualharini, da diretoria adjunta de Projetos e Relações Institucionais (DAPRI) e prof.º Márcio Nogueira, da diretoria adjunta de Pós-Graduação Stricto Sensu (DAPG), além da coordenadora do PPE/Poli-UFRJ, prof.ª Maria Cascão Ferreira de Almeida.

Homenagem

O professor emérito Benjamin Ernani Diaz foi homenageado em Sessão Solene da Congregação da Poli-UFRJ com a medalha André Rebouças na presença da diretora da Poli-UFRJ, professora Cláudia Morgado; do vice-reitor da UFRJ, prof.º Carlos Frederico Leão; do decano do Centro de Tecnologia, prof.º Walter IssamuSuemitsu;do presidente da Comissão de Mérito, prof.º Jorge Luiz do Nascimento; do chefe do Departamento de Estruturas, prof.º Ricardo Valeriano Alves; e da coordenadora do PPE/Poli-UFRJ, prof.ªMaria Cascão Ferreira de Almeida.

“O professor Ernani realmente encarna o espírito do engenheiro politécnico e essa capacidade deve ser elogiada e comemorada.Além disso, ele se preocupava em ensinar nos períodos do básico da Engenharia ferramentas e linguagens computacionaispara dar condição aos alunos de aprenderem conteúdos mais avançados nos últimos anos. Também encarou o desafio de ser prefeito da Cidade Universitária, uma função difícil na área de gestão, e se saiu muito bem”, destacou a diretora da Poli-UFRJ.

Ernani Diaz é formado em Engenharia Civil pela Poli-UFRJ, com o grau de Doktor-Ingenieur pela Universidade Leibniz de Hannover, na Alemanha. É autor e coautor de mais de 100 artigos publicados na área de Engenharia de Estruturas Civis e autor de diversos programas de computador. Já foi chefe do Departamento de Estruturas e prefeito da Cidade Universitária, sendo responsável pelo projeto de telefonia digital da UFRJ e do reflorestamento da Península do Catalão, participando de projetos de urbanismo, de asfaltamento e de reflorestamento da Ilha do Fundão.

“A história da minha vida está totalmente ligada à UFRJ. Eu agradeço este presente e me sinto emocionado”, celebrou o professor homenageado.

A Medalha André Rebouças foi criada em comemoração aos 225 anos da Escola Politécnica da UFRJ, ao final de 2017. Na frente, o rosto de André Rebouças (1838-1898), primeiro engenheiro negro do país. No verso está a logomarca que faz referência a um relógio, para simbolizar o tempo, com a “Ponte do Saber”, servindo de ponteiro e o pôr do sol representado pela composição de uma engrenagem simbolizando todas as Engenharias da Escola Politécnica.

06/11/2019
Escola Politécnica da UFRJ