GAEA: ciclo de afeto, suporte e mobilização na Engenharia Ambiental

Publicado em: 16/11/2021 Escola Politécnica da UFRJ
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No alto, a partir da esquerda, Raíssa Araújo, Andrei Seraphim, Ana Clara Brandão, Luca Apolônio e Léo Machado. Embaixo, a partir da esquerda, João Vitor Mendes, Manoela Barreto, Bernardo Dias, Marcella Gelio e Gabriel Puentes

O Grêmio Acadêmico de Engenharia Ambiental (GAEA) foi criado em 2007 com o objetivo de reconhecer, estimular e levar adiante os interesses e aspirações dos estudantes de Engenharia Ambiental da UFRJ por uma universidade crítica, autônoma e democrática, segundo seus integrantes. Nesta entrevista, Gabriel Puentes, Manoela Menna Barreto e Marcella Gelio, três dos dez estudantes que compõem o GAEA, comentam como vem atuando “como agente político pautado na justiça social e ambiental”, buscando “construir um ciclo de afeto e suporte”. A composição do grupo está no final da entrevista.

A chapa GAEA 2020 foi eleita em 2019. Até quando vocês ficam?

Manoela: Entramos em setembro de 2019 e fizemos duas Assembleias Gerais do curso para validar a extensão da gestão, evitando um processo eleitoral virtual durante a pandemia. Um membro da gestão eleita se afastou e novos entraram, buscando fortalecer a atuação da entidade. A última extensão da gestão acaba no dia 2 de março. Acreditamos que até lá já estaremos em condições de realizar uma nova eleição.

Qual foi o programa da chapa?

Manoela: Durante o período eleitoral, reforçamos bastante a importância de se ter uma entidade representativa dos estudantes que fosse mobilizada e próxima aos alunos. 

Marcella: O diálogo aberto e cuidadoso com os estudantes também foi uma de nossas bandeiras, pois entendemos que o GAEA é uma construção coletiva dos e para os alunos, sendo fundamental a troca de opiniões e acolhimento para as questões enfrentadas.

Qual é a missão do GAEA? 

Manoela: O GAEA existe sob a crença de que os estudantes precisam de uma entidade própria para servir de instrumento na organização e mobilização do atendimento de suas demandas. O GAEA tem o papel de trazer apoio para os graduandos, tirar dúvidas, exigir o cumprimento de seus direitos e ser um agente político pautado na justiça social e ambiental – que não existem separadamente – dentro e fora da Universidade.

Há alguma característica que diferencie o GAEA dos demais grêmios e confrarias da Politécnica?

Manoela: A graduação de Engenharia Ambiental da UFRJ é bem pequena em número de estudantes ativos. Acredito que isso torne o curso mais próximo. Além disso, buscamos construir um ciclo de afeto e suporte com nossos colegas de graduação, tanto em auxílio nas disciplinas, como no meio informal.

Quais as principais questões e reivindicações dos alunos da Engenharia Ambiental?

Manoela: Os alunos de engenharia, em geral, passam por muitos conflitos com professores. O GAEA constantemente recebe denúncias de disciplinas que não estão cumprindo com regulamentos da UFRJ, ou professores que não estão tomando medidas avaliadas como razoáveis. Um caso frequente é o não cumprimento do prazo de retorno das notas em até 72 horas antes da prova final. Esta situação, por exemplo, costuma ser resolvida utilizando a entidade como um canal mais formal de diálogo e exposição dos regulamentos. Em casos que persistem, o GAEA busca trabalhar junto com a coordenação atual do curso, mediando e orientando os alunos.

Gabriel: Além disso, ajuda a tirar dúvidas dos alunos sobre vários assuntos, como onde encontrar certo regulamento ou como acessar algum documento.

Pelas redes sociais, notamos que o GAEA procura chamar a atenção dos calouros sobre o planejamento dos períodos, indicando inclusive um Simulador de Grade da Ambiental. Por que tanto cuidado?

Gabriel: Como no nosso curso só ingressam novos alunos no primeiro período letivo do ano, a maioria das matérias do ciclo profissional só ocorrem uma vez por ano. Juntando isso com o fato do horário de algumas disciplinas ser o mesmo, muitos já tiveram a formatura atrasada em um ano por conta de poucas matérias com horário sobreposto. Geralmente, no começo da faculdade, os alunos não sabem dessas questões e tomam decisões que fazem diferença lá na frente. Para evitar isso, passou-se a explicar desde cedo aos alunos a importância do planejamento de pelo menos algumas disciplinas que causam mais problemas quanto a isso. Também, junto com a coordenação, foi possível alterar alguns horários de matérias para diminuir o problema.

Alguma reinvindicação no sentido de mudanças no curso? 

Manoela: Uma reivindicação geral é relativa à carga horária. Muitos alunos se sentem sobrecarregados e frustrados por não verem seus esforços sendo refletidos no desempenho acadêmico, principalmente durante o ciclo básico. Além disso, a Engenharia Ambiental possui questões particulares relativas à área de atuação ser muito ampla, o que deixa alguns alunos confusos sobre como escolher a que área querem dedicar sua vida profissional.

Qual foi ou tem sido o principal desafio do grêmio na pandemia?

Marcella: Acredito que foram dois grandes desafios: conseguir conciliar os períodos remotos com a atuação do GAEA e a falta de contato presencial entre os alunos. Os períodos remotos têm sido bem cansativos e há uma saturação em geral com este modelo, com sobrecarga de tarefas e pouco tempo de recesso entre períodos. Ainda assim, o GAEA se esforça para manter as atividades, respeitando as limitações de cada um neste período. Em relação ao contato presencial, imagino que todos os alunos estejam sentindo falta desse convívio. Como entram poucas pessoas por ano na Engenharia Ambiental, este é um curso bem unido e afetuoso, em que as vivências cotidianas dos alunos na universidade são essenciais para a jornada acadêmica, inclusive para a atuação do GAEA.

Como está o ânimo dos alunos da Engenharia Ambiental para a retomada das aulas práticas e de laboratório de forma presencial, anunciadas para 2021.2? 

Gabriel: Percebemos que a maioria quer muito o retorno presencial das aulas, mas tem receio da forma que irá ocorrer. Acreditamos que as aulas presenciais só podem voltar se existir um bom plano para que se dê de forma verdadeiramente segura para todos os alunos e os profissionais que atuam na universidade.

A preservação ambiental é ou deveria ser preocupação de todos, mas vocês percebem que quem escolhe a área realmente abraça o compromisso de contribuir para alterar a realidade de descaso com o meio ambiente?

Gabriel: Sim, nas apresentações dos calouros, seja presencial ou virtual, a maioria cita essa preocupação com o meio ambiente como principal motivação para escolher o curso.

Marcella: O sentimento geral dos que entram é de querer fazer parte da mudança, considerando todas as questões drásticas que envolvem o meio ambiente, principalmente no Brasil.

O GAEA tem alguma meta para colocar em prática nos próximos meses?

Manoela: Queremos desenvolver novos conteúdos nas páginas da entidade que incitem debates e questionamentos dentro do curso, algo que já fizemos anteriormente e recebemos um retorno muito positivo dos estudantes. Com a expectativa de retorno ao ensino presencial, temos também o desafio de pensar como iniciar o processo de integração dos alunos que ingressaram no ensino remoto com o restante do curso, buscando fortalecer a rede de apoio entre estudantes e combater as taxas de evasão.

Composição do GAEA 

Da chapa eleita integram o grêmio:  Andrey Seraphim, Léo Machado, Marcella Gellio, Manoela Menna Barreto e João Vitor Mendes. 

Durante a pandemia, novos integrantes juntaram-se ao grupo: Ana Clara Brandão, Bernardo Dias, Gabriel Puentes, Luca Apolonio e Raíssa Araújo. 

A chapa original era dividida nas diretorias Apoio Pedagógico, Comunicação, Ensino, Eventos e Tesouraria.