Convidadas pelo grupo Interpoli para palestrarem no último IP Talks, as ex-intercambistas da Escola Politécnica da UFRJ Clarissa Berlim e Marcela Cocchiarale contaram um pouco das suas vivências ao estudarem, respectivamente, no Instituto Superior Técnico (IST) da Universidade de Lisboa e na Universidade da Beira Interior (UBI), em Portugal.
Egressa do curso de Engenharia Civil, Clarissa estudou no IST entre 2017 e 2019. Já Marcela, que atualmente cursa o 10º período de Engenharia Civil, retornou ao Brasil em fevereiro deste ano, após seis meses de intercâmbio na UBI, que fica na cidade de Covilhã.
Na entrevista a seguir, que aconteceu durante o evento – realizado no dia 17 de maio, elas relatam algumas de suas impressões ao estudarem fora do país.
– Como surgiu a ideia de fazer o intercâmbio?
Marcela: Desde que entrei na UFRJ, o intercâmbio foi um sonho. A chance de poder sair do país para estudar é realmente única. Mas, não tinha muito conhecimento sobre como eram os processos e como funcionavam os editais de intercâmbio.
Em 2017 decidi entrar para o Interpoli e fiquei mais próxima desse mundo do intercâmbio, de pessoas que já tinham feito, que sabiam como as coisas funcionavam. Isso acabou me mostrando que o processo não era tão difícil assim, que era possível. Então, comecei a prestar atenção nos editais antigos e preparar os documentos para aproveitar a oportunidade quando surgisse.
Clarissa: Minha maior motivação foi a vontade de conhecer novos lugares e pessoas, mas eu não queria ir e perder um ou dois semestres. Então, outra grande motivação para mim foi a possibilidade de conquistar o duplo diploma, o que eu acabei fazendo.
– Como foi a preparação para se candidatar ao edital?
Marcela: Quando o edital de intercâmbio abre, você já tem que ter os documentos praticamente prontos ou, no mínimo, encaminhados para que você consiga enviar tudo a tempo. Então, renovei o passaporte, conversei com a coordenadora do meu curso e peguei os comprovantes de monitoria, iniciação científica e outras atividades extracurriculares que havia feito. Porque se você deixar para começar a pensar nisso quando o edital abrir, não vai dar tempo de fazer tudo.
Como fui para Portugal, não tive que comprovar proficiência em nenhuma língua. Mas, depois de ter feito o intercâmbio, digo que o inglês é essencial, isso porque muitos dos intercambistas da Europa não falam português. Então, para fazer amigos e aproveitar o intercâmbio, o inglês acaba se tornando ferramenta importante.
Clarissa: Na época, as únicas preparações que fiz foram em relação a documentação pessoal e de saúde: atualização de passaporte, pedido de visto, seguro saúde, vacinação e os documentos que a faculdade pedia, como histórico, boletim e pedido de inscrição em disciplinas.
– Quais foram os principais desafios ao chegar em Portugal?
Marcela: Ter que lidar com problemas que naturalmente acontecem ao estar sozinha em um país diferente, como resolver algumas situações relacionadas ao alojamento, se recuperar de um forte resfriado, afinal, não estava preparada para lidar com o frio. Essas situações parecem te lembrar que você está bem longe de casa.
Clarissa: Sem dúvida foram em relação às diferenças culturais que você consegue observar na própria faculdade: tipos de trabalhos, dinâmica das aulas, didática dos professores e o próprio conteúdo em si.
– Poderia destacar os pontos positivos do seu intercâmbio?
Marcela: Todas as pessoas que pude conhecer. Por mais que a Covilhã seja uma cidade menor, no interior do país, ela atrai muitos intercambistas da Europa e do Brasil. No semestre em que fui, tinham mais de 170 intercambistas e fiz muitas amizades com pessoas incríveis das mais diversas áreas profissionais. Outro ponto alto foi o fato de estar em uma cidade com custo de vida bem barato, e isso me fez economizar nas despesas para poder viajar, conhecer outras cidades e outros países.
Voltei com a sensação de ter tido acesso a muita cultura, por todos os lugares que conheci, toda a história que só conhecemos nos livros e eu tive a chance de ver ao vivo, tanto em Portugal quanto em outros países.
Clarissa: O aprendizado de viver sozinha, a independência e as experiências de viver em outro país, ainda mais sendo na Europa, que te permite viajar para outros lugares com muita facilidade.
Na bagagem trouxe amizades, os conteúdos das disciplinas diferentes que fiz lá, que só agregaram quando eu voltei e a evolução interior que a gente passa como pessoa. Conviver com outras culturas e com pessoas muito diferentes sempre traz uma visão diferente do mundo.
– Qual o recado que você daria aos alunos que pretendem fazer um intercâmbio?
Marcela: Se você já entrou na universidade querendo fazer intercâmbio, a melhor dica é conhecer os editais que a UFRJ e a Politécnica oferecem para ver qual melhor se encaixa para você (se você precisa de bolsa ou se você quer ir para um país específico, por exemplo). O site da Diretoria de Relações Internacionais tem os editais passados e assim você consegue ver quais tipos de requisitos você tem que cumprir para aplicar. E se você ainda tem dúvidas e quer conhecer um pouco mais sobre as opções de intercâmbio que são oferecidas, frequentar as palestras do Interpoli é uma ótima maneira de saber diretamente dos intercambistas como que funciona o processo de aplicação e como é a vida no intercâmbio.
Clarissa: Vá sem medo, sem pensar muito, porque é uma das melhores experiências da vida.