Candidatos à reitoria respondem às principais dúvidas dos alunos da Poli

Publicado em: 23/03/2019 Escola Politécnica da UFRJ
Compartilhar:

A eleição para a escolha do novo reitor da UFRJ está perto de começar. A votação do 1° turno será nos dias 2, 3 e 4 de abril. Técnicos, professores e alunos irão decidir entre Denise Pires (Chapa 10), Roberto Bartholo (Chapa 20) e Oscar Mattos (Chapa 40).Pedimos aos alunos da Poli-UFRJ que apresentassem questões que gostariam de ver respondidas pelos candidatos e fizemos uma seleção dos temas mais recorrentes. As respostas dos candidatos das três chapas estão a seguir para serem analisadas. Esperamos que as respostas ajudem na sua escolha.

Os candidatos em disputa são Denise Pires de Carvalho (Instituto de Biofísica), candidata à reitora, e Carlos Frederico Leão Rocha (Instituto de Economia), como vice-reitor na Chapa 10 : “A UFRJ vai ser diferente”; Roberto Bartholo (Coppe), candidato a reitor, tendo João Felippe Cury Marinho Mathias, (Instituto de Economia), como candidato a vice-reitor, na Chapa 20: “#Minerva_2.0”; e Oscar Rosa Mattos (Coppe), candidato a reitor, e Maria Fernanda Quintela (Instituto de Biologia), a vice-reitora na Chapa 40: “Unidade e diversidade pela universidade pública e gratuita”.

1. A sua proposta de assistência estudantil inclui reimplantar as bolsas de permanência para estudantes de baixa renda? Pretende agilizar o processo para que o Bilhete Único Intermunicipal possa ser obtido?

Denise Pires: A política de distribuição de bolsas de assistência estudantil será rediscutida por ação conjunta das PR7 e PR1, com a participação ativa dos estudantes no processo. As bolsas de permanência devem ser distribuídas de forma transparente e atendendo um número máximo de estudantes de baixa renda. Priorizaremos a agilização do processo para a obtenção do Bilhete Único Intermunicipal.


Roberto Bartholo: Não vamos prometer nada que não tivermos meios para cumprir. Isso não é responsável. A tramitação do bilhete único não é apenas interna à UFRJ. Queremos dinamizá-la, mas está sob nossa esfera de influência e não de controle. Vamos correr atrás de recursos, orçamentários ou não, para poder reimplantar bolsas. Mas precisamos de mais do que assistência, atuando no acolhimento dos estudantes, sejam eles de baixa renda ou não: a saúde mental discente, de todos nós, está sob risco.


Oscar Mattos: A UFRJ acabou de aprovar uma nova Política de Assistência Estudantil. Nosso compromisso é com a total implantação dessa Política, seu Programa de Benefícios e avaliação, de modo a atualizar as questões que se apresentarem a partir deste processo. Sobre o Passe Livre Intermunicipal, a UFRJ deve continuar pressionando o Governo Estadual pela regulamentação da lei para que possamos garantir este direito aos estudantes. Enquanto isso, existe uma modalidade de auxílio transporte para estudantes em vulnerabilidade socioeconômica.

2. Quais são os planos para a melhoria da estrutura predial das instalações da UFRJ, incluindo a retomada das obras paradas? Há blocos no CT que possuem fiações e instalações elétricas preocupantes, principalmente nos subsolos.

Denise Pires: Com relação às obras paradas, faremos um levantamento imediato sobre a situação e disponibilizaremos o diagnóstico nos fóruns e conselhos superiores, assim como no site institucional. A retomada das obras paradas somente poderá ocorrer após a devida priorização que depende deste diagnóstico. Pretendemos proceder ao georreferenciamento das salas de aula, assim como um levantamento da infraestrutura física predial e de equipamentos existentes. Essas medidas visam à implantação do chamado “padrão mínimo de qualidade UFRJ” para todas as salas de aula, uma proposta da Chapa 10.


Roberto Bartholo: A melhoria da estrutura predial passa por duas coisas: mais recursos e melhores técnicas de gestão. Vamos negociar recursos com o governo federal, mas esse não parece ser o caminho mais promissor. Queremos superar as limitações ideológicas quanto ao patrocínio e naming rights de salas e corredores por organizações que possam aportar recursos para manter nossa infraestrutura. Em gestão, vamos melhorar os processos de gestão da infraestrutura utilizando tecnologias como o BIM, além de priorizar as obras de novos prédios.


Oscar Mattos: Essa é uma questão preocupante. A solução do problema requer planejamento e recursos. Pretendemos mapear essa demanda para dimensionarmos o problema. Quanto aos recursos, vamos precisar destinar algo do nosso orçamento para corrigir as instalações elétricas de maior risco e trabalhar para, rapidamente, obtermos recursos para mitigar o problema geral da UFRJ nesta questão. Quanto as melhorias estruturais e as obras paradas, a estratégia não pode ser diferente.

3. Visto que a ansiedade e a depressão são um mal comum aos alunos da UFRJ, quais seriam as medidas tomadas pela reitoria para dar apoio psicológico gratuito e eficiente aos alunos dentro da universidade?

Denise Pires: É nossa proposta propor a criação de núcleos de apoio psicopedagógico por Centro e Unidades Isoladas, em todos os campi. Essa medida será feita em conjunto com as unidades que têm especialistas nestas áreas, visando à diminuição do sofrimento mental e taxas de evasão e retenção.


Roberto Bartholo: Somos realistas: sabemos que há um trade-off entre centralizar (e afastar da necessidade) e descentralizar (e despadronizar qualidade da prestação). Vamos descentralizar nas unidades a criação de centros de acolhimento estudantil, uma iniciativa ora gestacionada na Poli. Acolhimento estudantil e orientação acadêmica nas unidades antecedem apoio psicológico e psiquiátrico, para que esse serviço mais custoso para paciente e para a instituição possa ser evitado. Pretendemos centralizar por campus esse atendimento de segundo nível para poder melhor atender à demanda dentro dos recursos disponíveis.


Oscar Mattos: Depressão e ansiedade são males da sociedade contemporânea e se refletem na UFRJ. Nosso foco será fortalecer as relações com as unidades assistenciais da UFRJ e ações de promoção e prevenção em saúde, visando a melhoria efetiva na atenção à saúde de estudantes. Dentre as propostas, estão consolidar e ampliar os Núcleos de Acolhimento da PR7 e as ações de esporte, cultura, lazer e apoio pedagógico.

4. Tendo em vista uma maior integração entre pesquisas e retorno financeiro para universidade, a reitoria pretende promover ações de aproximação ou projetos de parceria com o setor privado?

Denise Pires: A possibilidade de projetos em parceria com o setor privado está regulamentada no país e não foi adequadamente discutida na UFRJ. A Reitoria iniciará o processo de discussão e regulamentação do Marco Legal de Ciência e Tecnologia na UFRJ. Essa discussão não deveria ter sido adiada.


Roberto Bartholo: A parceria com o setor privado não pode ser só para nos dar mais dinheiro, mas sim porque não podemos estar atados por barreiras ideológicas que nos impedem de nos relacionar com a sociedade como um todo, privilegiando qualquer segmento em detrimento dos outros. Somos a UFRJ, nossas aulas, pesquisas e projetos podem e devem ser livres para atuarem com quem quer que seja, incluindo o setor privado.


Oscar Mattos: Não estamos fechados às parcerias com o setor privado, mas só abraçaremos aquelas que não firam os princípios basilares da gratuidade e autonomia, bem como a nossa ética. Temos o nosso Parque Tecnológico onde estão empresas cujas parcerias são naturais. Pretendemos nos aproximar dessas empresas e pensar novos projetos conjuntos. Estamos abertos a conversar e discutir novas parcerias.

5. Tendo em vista a evasão na graduação e pelo ingresso de alunos com base fraca em matemática e ciências da natureza, existe a intenção de abandonar o ENEM/SISU como critério de seleção ou de usar a nota do ENEM como uma primeira fase no processo de seleção, criando uma segunda fase de provas específicas para o ingresso na UFRJ?

Denise Pires: Não há intenção de abandonarmos o SISU. A UFRJ precisará, no entanto, rever o formato vigente. Há várias sugestões vindas das unidades acadêmicas que precisam ser discutidas no âmbito do CEG para que o SISU seja melhor utilizado na UFRJ. As mudanças podem estar relacionadas aos pesos que a UFRJ aplica às provas do ENEM, mas também ao fato de matricularmos os estudantes no primeiro semestre de maneira desvinculada do segundo semestre. São questões que devem ser amplamente discutidas com as coordenações dos cursos e os conselheiros do CEG.


Roberto Bartholo: Somos uma chapa com base em gestão, e não em politicagem. Então veja bem: não se resolve um problema atacando suas consequências, mas sim suas causas. A Poli já mudou o peso das questões dessa área no vestibular, e novas provas não vão fazer estudantes saberem mais matemática. Outra: queremos abraçar novas formas de aprendizado que não as atividades tradicionais de aula em sala. Não dá para não estamos no Coursera, por exemplo, por barreiras ideológicas ou técnicas.


Oscar Mattos: Não há intenção de sair do ENEM/SISU, mecanismo fundamental de mobilidade de estudantes pelo Brasil e que, juntamente com a Lei de Cotas, promove a democratização do acesso às Universidades. Afirmar que “base fraca” é razão da evasão em determinadas disciplinas carece de dados concretos e um diagnóstico preciso do
funcionamento dos cursos de graduação. Nossa PR1 irá aprofundar estudos para atacar de frente as questões de retenção e evasão. Para conferir o debate entre os candidatos à reitoria feito pela rádio CBN, clique aqui.