Barreira para impedir a passagem do lixo flutuante é instalada na Prainha, na Ilha do Fundão

Publicado em: 14/06/2023 Escola Politécnica da UFRJ
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O projeto socioambiental Orla Sem Lixo, vinculado à Escola Politécnica da UFRJ, deu mais um importante passo para contribuir com a redução da poluição na Baía de Guanabara. No dia 7 de junho, um trecho da Prainha, que fica na Ilha do Fundão, recebeu uma barreira de aproximadamente 250 metros, com o objetivo de impedir a passagem do lixo flutuante, preservar o Meio Ambiente e garantir a subsistência de pescadores da região. A barreira está instalada numa área experimental de restauração de praia, dentro das ações do desenvolvimento da Orla da Enseada do Fundão, que busca também, deter o processo erosivo que a orla vem sofrendo.

“Temos um horizonte de quatro anos para alcançarmos o ciclo completo, desde a interceptação do lixo flutuante, coleta, transporte, desembarque e a reciclagem química. Para a reciclagem tem um grupo do projeto que está trabalhando numa planta experimental, que busca entender que lixo é esse e também o seu potencial de retorno monetário”, explicou a coordenadora do projeto, Susana Beatriz Vinzon, também professora do Departamento de Recursos Hídricos e Meio Ambiente da Politécnica-UFRJ.

A ação aconteceu durante toda manhã e contou com apresentações sobre a tecnologia aplicada na enseada e exposição sobre o projeto. Também estiveram presentes o reitor da UFRJ em exercício, Carlos Frederico Rocha; o prefeito da UFRJ, Marcos Maldonado; o subsecretário de biodiversidade da Prefeitura do Rio de Janeiro, Helio Vanderlei; representantes da Associação de Pescadores Artesanais da Prainha (Apap) e das empresas apoiadoras da iniciativa, entre elas o Grupo Fundação Boticário.

Segundo o presidente da Apap, Renato dos Reis de Oliveira, a pesca na região está comprometida, o que tem impactado na renda de mais de 50 famílias de pescadores. “Nos últimos anos os pescadores vêm pegando muito lixo na rede como garrafas PET, colchão, sofá e até uma geladeira. Isso acaba estragando a rede, além de gerar um esforço físico maior dos pescadores, principalmente daqueles que já têm algum problema na coluna. É da pescaria que nós conseguimos o sustento e a presença dos peixes está cada vez menor por conta da poluição. Há dois anos conseguíamos tirar de três a cinco caixas cheias de peixe. Agora, tiramos apenas uma caixa”, revelou o presidente da Apap.

As barreiras foram fabricadas com material doado para uma empresa que fabrica tecido para aplicações de engenharia. Já os flutuadores são feitos de um material de ráfia, recheados de isopor reciclado de empresas fabricantes de pranchas de surf. “Trata-se de uma tecnologia muito simples, mas a ideia é ir melhorando a partir desse material, que está sendo instalado de forma experimental”, contou a coordenadora do projeto.

Enquanto alguns membros do projeto auxiliavam na instalação das redes, outro grupo atuava na coleta de lixo presente ao longo do banco de areia. Entre eles estava a aluna do quinto período de Engenharia Ambiental Maria Eduarda Piumbini, que iniciou recentemente suas atividades no Orla Sem Lixo.

“Tenho trabalhado na área de monitoramento ambiental e conseguimos ver a diferença de uma área protegida por barreiras e outra sem qualquer proteção. As plantas começam a crescer, tem muito mais vida. Além disso, o projeto está me fazendo desenvolver um pouco mais a minha conscientização. Não imaginava que as praias da UFRJ fossem tão poluídas assim. É algo que está muito ao nosso alcance”, contou.

Orla Sem Lixo

Contemplado pelo edital Cientista do Nosso Estado da FAPERJ, o projeto conta com a participação de mais de 70 integrantes, entre eles, professores, alunos de graduação, mestrado, doutorado e iniciação científica da UFRJ, UFF e IFRJ. A iniciativa busca desenvolver soluções efetivas e sustentáveis capazes de barrar, coletar e reciclar o lixo flutuante que desemboca na baía e ao mesmo tempo criar um modelo de geração de trabalho e renda.