Um estabelecimento inaugurado na década de 80 por iniciativa de um grupo de professores da UFRJ que almejavam melhores condições de alimentação no Centro de Tecnologia da UFRJ, mas que hoje luta para arcar com os seus compromissos, o antigo Burguesão, através de seus membros, busca apoio de docentes, funcionários e estudantes para quitar suas dívidas mesmo após o fim das atividades em 2022.
“A sua criação foi motivada pela baixa qualidade da alimentação prestada por diferentes concessionários do restaurante do Bloco H, que depois seria conhecido como “Burguesão”. Antes de sua entrada em operação, éramos obrigados a buscar alimentação fora do Campus da UFRJ, causando perdas de tempo e gastos excessivos”, lembra o membro da diretoria da Associação de Assistência Alimentícia do Centro de Tecnologia (AAA/CT) e professor da UFRJ Afonso Celso Del Nero Gomes.
Ao longo dos 40 anos de funcionamento, o Burguesão chegou a oferecer até 1 mil refeições diariamente. “Era considerado local de encontro e convivência, durante o almoço, de professores de diversos departamentos e programas da Coppe, Escola Politécnica, Escola de Química, Instituto de Física e Instituto de Macromoléculas. O Burguesão foi um ponto de encontro de pessoas, onde muitas ideias eram trocadas e projetos discutidos”, lembra o professor.
Apesar do saldo positivo alcançado na época e grande adesão no CT, as vendas caíram pela metade em 2016 – principalmente após a abertura de espaços para estabelecimentos terceirizados do ramo alimentício, colocando no limite a viabilidade financeira do Burguesão. Com o início da pandemia, em março de 2020, seu faturamento foi a zero por conta do isolamento do corpo docente, funcionários e estudantes da universidade, agravando ainda mais a situação.
Num cenário de incertezas, com uma pandemia se estendendo por mais de dois anos, as dívidas com aluguel, com a Previdência Social e com os funcionários aumentaram e planejamento para gerí-las após o fim do período de isolamento e com a volta gradativa à rotina na universidade, não se concretizou. Isso porque a estrutura do antigo Burguesão foi retomada pela Reitoria, dando lugar ao novo Restaurante Universitário, inaugurado no primeiro semestre deste ano.
“Pouco antes de iniciar a pandemia, a gente devia ao Governo, mas algo equacionado. Todos os meses fazíamos pagamentos para a Previdência Social. Quando começou a pandemia, não podíamos mais operar e essa dívida saltou para um milhão de reais, mas conseguimos reduzi-la a 400 mil reais após recurso na justiça. Em relação aos funcionários, fizemos um acordo trabalhista com eles, garantindo que pagaríamos em quantos anos fossem necessários a quantia devida a cada um. Todo mês a gente paga menos do que deveria, mas paga”, explica Afonso.
Segundo o professor, mesmo reconhecendo possíveis erros na gestão, a AAA/CT considerou injusta a situação vivida por seus membros, principalmente pelos funcionários. “Mesmo preferindo sempre, em toda a sua longa história, facilitar, prover e auxiliar a todos que frequentavam o CT, agora vivemos um cenário totalmente diferente, pedir ajuda ”, contou o professor, que atualmente busca contribuições e realiza campanhas de arrecadação e eventos para captar recursos.
Àqueles que tiverem interesse em saber mais e contribuir, devem entrar em contato diretamente com o professor Afonso pelo e-mail: nero@coep.ufrj.br.