SEEN atua como confraria e também na divulgação do setor nuclear

Publicado em: 13/10/2021 Escola Politécnica da UFRJ
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No alto, a partir da esquerda, Michael Anthony, Larissa Paizante, João Pinto, Samara Mendes, Erik Hisahara e Daiana Silveira. No meio, Gabriely Carvalho, Bruno Gomes, João Vitor, Diego Nuzza e Vinicius Biglia. Embaixo, a partir da esquerda, Vinicius Costa, Mirella Maturo, Renato Moreira, Vitor Hugo, Natacha Camargo e Wesley Monteiro

A Seção Estudantil da Engenharia Nuclear (SEEN) foi fundada em 2012 e se assemelha a uma confraria por suas atividades de apoio aos alunos do curso e por estabelecer uma comunicação entre o corpo discente e docente. “Porém não se limita a isso, também está no nosso escopo promover a divulgação do setor nuclear, com trabalhos de comunicação científica, além da organização de eventos e palestras”, explica Bruno Gomes, copresidente da SEEN.

Esta Seção Estudantil está estruturada em três diretorias:  Acadêmica, de Comunicação, e de Relações Externa, e conta com dois alunos dividindo a presidência, diretores, aprendizes e colaboradores – um total de 17 membros. (A composição da SEEN está no fim da entrevista.)

A Semana da Energia Nuclear (SEN) realizada desde 2011 é uma das realizações mais importantes da organização. “Este ano realizaremos a IX SEN. A Semana só não aconteceu em 2016, quando foi substituída pela SSN (Semana da Segurança Nuclear), com formato semelhante, mas com palestras voltadas especificamente para a segurança nuclear”, conta com orgulho Wesley Monteiro, aprendiz na SEEN.

A graduação de Energia Nuclear da Escola Politécnica da UFRJ começou em 2010 e é a primeira do país. Este ano a USP passou a oferecer a habilitação em Engenharia Nuclear como especialização no curso de Engenharia de Materiais e Metalúrgica. Ter sido o primeiro é uma grande vantagem?

Erik Hisahara, secretário acadêmico: Como vantagem, cito a exclusividade de sermos uma mão de obra preparada desde o início da formação para atuar no setor nuclear. Isso é importante pois grande parte dos profissionais vieram de outras áreas da ciência. A desvantagem está no desconhecimento sobre o nosso curso por parte das empresas, tanto no setor quanto fora dele. Nossos alunos possuem uma grande dificuldade em arranjar vagas de estágio ou de emprego, pois é comum que as empresas não saibam o que aprendemos e nem a nossa capacidade de atuação no mercado.

O tema estágio recebe especial atenção da SEEN, não? É foco de várias postagens nas redes sociais da SEEN.

Bruno Gomes, copresidente:  Um tema recorrente no curso é a escassez de estágios na área. Por isso, nós organizamos semestralmente reuniões dos alunos do curso com veteranos que já estagiam e convidamos também estagiários de empresas do setor nuclear e os que foram para outras áreas, como mercado financeiro, programação e engenharia em geral.

Qual a demanda do corpo discente que exige mais atenção da SEEN? A pandemia aumentou as demandas?

Diego Nuzza, diretor acadêmico:     A maioria das demandas da diretoria acadêmica está relacionada à periodização dos alunos ou sobre processos de concomitância de disciplinas. Também aconselhamos regularmente os alunos sobre os termos de estágio e sobre as atividades complementares. Outra questão recorrente é a grade horária dos períodos. Tendo a maioria dos alunos ‘desperiodizados’, é um desafio acertar a grade horária das matérias ofertadas pelo Departamento de Engenharia Nuclear para que seja possível aos alunos montarem suas grades que incluem matérias de períodos diferentes. 

A transição para o período remoto foi tranquila, os professores e alunos enfrentaram as dificuldades comuns a toda comunidade acadêmica. A única intervenção necessária foi sobre os horários das disciplinas obrigatórias e eletivas. Tivemos que mediar a comunicação entre os estudantes e os professores a fim de encontrar um horário compatível a todos, uma vez que o horário de uma disciplina apenas pode ser alterado com concordância unânime dos alunos e professores. 

Como é a relação da SEEN com as entidades do setor? 

Diego Nuzza: Atualmente somos associados à LAS/ANS (Latin American Section/American Nuclear Society), porém temos contato direto com algumas empresas e organizações como a WiN (Women in Nuclear), a ABDAN (Associação Brasileira para o Desenvolvimento de Atividades Nucleares) e com empresas parceiras, que eventualmente patrocinam a Semana, como a Rosatom, a Eletronuclear, a Westinghouse e a Framatome. É importante manter a proximidade das entidades com o corpo discente para, acima de tudo, cumprir o papel de divulgação da área nuclear em conjunto. Também é importante para alinhar a formação dos profissionais com a indústria, para que nós consigamos entender qual será o nosso papel na indústria — ou na pesquisa — e nos prepararmos para ele. 

É visível o esforço das entidades do setor de apresentar a energia nuclear como uma alternativa limpa e segura para zerar as emissões de carbono. Como a SEEN se engaja e vê a importância de levar essa mensagem ao público?

Erik Hisahara: A preocupação de conscientizar a sociedade sobre os usos seguros e benéficos da radiação é um dos pontos principais de todo setor nuclear. A SEEN não poderia ficar de fora dessa luta. Promovemos atividades com a proposta de desmistificar o uso da energia nuclear, como por exemplo posts explicativos em redes sociais, palestras abertas ao público, e principalmente a escolha de tema da própria Semana de Engenharia Nuclear.

A SEEN faz muitas postagens sobre curiosidades relacionadas à energia nuclear, como uma que explica que a banana é um alimento radioativo e outra que destaca que pilotos e comissários de bordo estão expostos a maior carga radioativa do que aqueles que trabalha em usina nuclear. A ideia é levar o tema para o cotidiano de quem não é da área?

Gabriely Carvalho, diretora de comunicação: As ciências e tecnologias nucleares são áreas pouco abordadas de maneira cotidiana. Buscamos levar isso às redes da forma mais simples possível, para que o público em geral possa entender nossa mensagem. Os posts relacionados a curiosidades são os que mais repercutem. E entendemos que quanto mais as pessoas souberem o que engloba o setor, mais retorno positivo teremos. Buscamos, com todos os nossos posts, a aceitação popular, principalmente, da implementação de usinas nucleares e utilização da energia proveniente delas porque, enquanto a população tiver medo, o setor nuclear nunca ganhará força.

A SEEN também está atenta a questões de gênero, não?

Gabriely Carvalho: Sim. A Seção Estudantil foi criada por uma comissão mista de homens e mulheres e esse debate sobre a representação de gênero foi trazido desde o início. Sabemos que nas engenharias como um todo e até mesmo no meio universitário há uma predominância masculina (cisgênero), branca e heterossexual. Essas minorias precisam ser apoiadas, representadas e motivadas. Nós entendemos a importância disso e, principalmente, sabemos do nosso papel enquanto chapa eleita. Nos diversos eventos que promovemos sempre tentamos dar voz a esses movimentos.  

Cite um exemplo?

Gabriely Carvalho: Na maioria das edições da Semana da Engenharia Nuclear mobilizamos uma mesa com mulheres do setor nuclear para inspirar e mostrar caminhos possíveis para as mulheres do curso. Além do que, já no primeiro semestre, a SEEN se responsabiliza pelo ingresso das calouras na Women In Nuclear Brazil e Global, organização mundial que funciona como uma rede de apoio e oportunidades para mulheres que atuem ou se relacionem com as ciências e tecnologias nucleares. Ela é reconhecida internacionalmente e a participação nessa comunidade abre muitas portas. Mas vale salientar que não somente mulheres são bem-vindas, homens também podem participar, afinal também devem apoiar e zelar pela permanência de mulheres no setor. 

Quais os projetos da SEEN até o fim deste ano? 

Diego Nuzza: Nossa agenda se resume à realização da Semana da Engenharia Nuclear e à eleição de uma nova chapa e algumas reuniões que ainda faremos com o curso. Por exemplo, achamos de extrema importância explicar e demonstrar aos calouros de 2021 como utilizar o SIGA. Desejamos que os alunos tenham independência para procurar e explorar o sistema do portal do aluno para a inscrição de disciplina e que tenham fácil acesso às grades curriculares e equivalências para montarem suas grades conscientemente desde o segundo período. Também estão sendo planejadas alterações no Estatuto e uma roda de conversas sobre as alterações nos termos de estágio, que estavam para ser aprovadas na Congregação da Politécnica. Não sabemos ao certo quando vai entrar em vigor. 

E projetos para 2022? 

Diego Nuzza:  Com a eleição em novembro, haverá renovação na composição da SEEN, mas alguns membros devem permanecer.  Para 2022 os planos são basicamente os mesmos, sendo acrescidos eventos e reuniões com os alunos. Assim que voltar o período presencial e for seguro a todos, pretendemos organizar alguns passeios pelo Rio de Janeiro. A maioria das pessoas da Engenharia Nuclear não é da cidade, e isso implica na necessidade de adaptação a uma nova moradia e à faculdade. E uma boa adaptação à faculdade é crucial para o seguimento do curso, por isso sempre tentamos fazer a integração dos veteranos com os calouros. Percebemos que uma das formas de realizar isso é fazendo passeios. Ainda nesse tema de recepção e acolhimento aos calouros, para 2022 também está planejado a continuação do programa de apadrinhamento da SEEN, que acontece desde 2020. E temos o desafio de continuar o Programa de Monitorias da Nuclear.

Por que a monitoria é um desafio?

Diego Nuzza:  Compreendendo toda a dificuldade do 1º período e observando que nos períodos on-line algumas monitorias de unificadas estavam muito cheias e desorganizadas — ao ponto de os alunos não conseguirem tirar as suas dúvidas — nós preferimos criar monitorias oferecidas por alunos da Nuclear para tais matérias. Em conjunto com a coordenação do curso, analisamos a demanda pelas matérias do 1º período consideradas mais difíceis (Cálculo 1, Física 1 e Computação 1), e montamos monitorias voluntárias. No início foi até fácil encontrar os alunos certos para dar as monitorias, pois na Nuclear existiam alunos que eram ou já tinham sido monitores dessas matérias. Mas conforme o tempo foi passando, esses alunos foram se formando e estamos constantemente procurando outros alunos dispostos e competentes para realizar essas monitorias, que tem sido bem sucedidas. O feedback é de que as monitorias são essenciais para auxiliar os alunos na aprendizagem, pois alguns não se adaptaram à sala de aula invertida, metodologia utilizada em algumas disciplinas importantes.  Então, para 2022, se realmente voltar o presencial, teremos de organizar onde e como daremos as monitorias, encontrar uma sala do departamento disponível para fazê-lo e encontrar alunos com o tempo para realizá-las. 

Vocês realizaram a SEN de forma remota no ano passado, quando será a próxima? Podem anunciar o tema? 

Bruno Gomes: Será em novembro, com o tema “Nuclear é hoje: as inovações no setor que já estão sendo implementadas no seu dia a dia”. Sabemos que o evento é muito importante para integrar o setor nuclear com a área acadêmica e, por isso, decidimos continuar mesmo de forma remota. A primeira edição remota nos trouxe muitos aprendizados, que estamos aplicando para melhorar a edição 2021, e quem sabe inovar nas futuras edições presenciais.

Composição da SEEN

Presidência: Bruno Gomes e Vinicius Biglia

Diretoria de Comunicação: Gabriely Carvalho (diretora), Renato Moreira Santos (secretário), Daiana da Silveira Ribeiro e Vinícius Costa Silva (aprendizes)

Diretoria Acadêmica: Diego Nuzza (diretor),  Erik Hisahara (secretário), Natacha Camargo e Michael Anthony Mendes (aprendizes)

Diretoria de Relações Externas:  Samara Mendes (diretora), Mirella Maturo da Cruz, Victor Hugo Pereira da Silva (secretários), Wesley Monteiro, João Victor Faria (aprendizes), Larissa Paizante e João Pinto (colaboradores)