CAMM: avaliação, feedback e apadrinhamento

Publicado em: 11/08/2021 Escola Politécnica da UFRJ
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No alto, a partir da esquerda: Pedro Bomfim, Larissa Fonseca, Amanda Gomes, Eduardo Brum e Kelen Barcelos. Embaixo, a partir da esquerda:  Milena Gonçalves, Jorge Lucas, Luiz Felipe Faria, Lara Castro e Maria Paula Nascimento

A Confraria Acadêmica da Engenharia Metalúrgica e de Materiais (CAMM) apresenta o diferencial de ser uma representação discente comum a dois cursos. Engenharias que formavam uma única graduação no passado e desde 2010 são cursos distintos na Politécnica-UFRJ. Mas os currículos desses cursos têm tantas matérias em comum que contam com um departamento único, o que justifica também a representação estudantil conjunta. Inclusive, uma das conquistas da CAMM foi a possibilidade de duplo diploma, que vigora desde 2017, para quem cursar os créditos dos dois cursos, tendo de cumprir apenas um estágio e apresentar só um projeto de fim de curso. 

Na entrevista a seguir, três integrantes falam sobre a atuação da confraria, com destaque para a interação de alunos e professores a partir de avaliação e feedbacks dos primeiros sobre os cursos e para o Programa de Apadrinhamento.  

Quando a CAMM foi criada e como funciona?

Milena Gonçalves: Foi criada em 2013, porém começou realmente a funcionar em 2016. A chapa atual foi eleita no final de 2020, mas conta com membros que estão na confraria desde seu início e também membros que entraram na atual gestão. Apesar da divisão de cargos, trabalhamos com um modelo mais próximo da autogestão, onde os cargos não são tão relevantes e as tarefas são distribuídas de acordo com a afinidade e disponibilidade dos membros.  (A composição da confraria está no final da entrevista.) 

Parte do time que está à frente da CAMM entrou no contexto da pandemia e alguns vieram de gestões anteriores, como você. Do que sente mais falta para o trabalho da confraria?

Milena Gonçalves: Temos cinco integrantes que estão há alguns anos na CAMM e seis que entraram no fim do ano passado. Eu sou uma das que já tem alguns anos de casa e com certeza a maior diferença está na interação com os alunos e professores. No período presencial conseguimos encontrar diariamente com todos nos corredores e o trabalho acabava sendo facilitado por isso, a difusão de informação era muito mais rápida. Além disso, a integração presencial é especialmente importante para os calouros.  

Dá para identificar algum aspecto positivo neste período de pandemia?

Pedro Bomfim: A pandemia traz consigo um ar paradoxal aos nossos relacionamentos. Por um certo ângulo, os alunos têm convivido muito mais entre si, através de videochamadas e mensagens, tanto durante as aulas como também em estudos ou na realização de trabalhos e atividades extras. Por outro lado, a ausência de contato presencial dificulta a formação de vínculos em atividades de lazer ou do cotidiano. Não há mais conversas de corredor, pausas durante as aulas para tomar um café, jogos de sinuca depois do almoço ou conversa nos coletivos a caminho de casa. De certa forma, é possível observar um estreitamento de laços entre os alunos de períodos próximos, ou que estão cursando as mesmas disciplinas, ao mesmo tempo em que ocorre um afastamento mais intenso entre os de períodos distantes. 

A CAMM está dando bastante ênfase para avaliação do curso ao final de cada período. Como tem sido esse processo?

Pedro: A ideia partiu inicialmente de um grupo de professores na primeira reunião de colegiado após o fim de 2020.1. Os professores estavam compartilhando entre si suas experiências pedagógicas e diferentes métodos utilizados nos períodos remotos quando perceberam que essa troca não faria muito sentido sem também algum tipo de devolutiva da parte dos alunos. A CAMM (que possui um membro representante no colegiado) prontamente se ofereceu para ajudar e dessa forma surgiu a iniciativa da coleta de feedbacks semestrais.

Inclusive, nas redes sociais, há dicas de como deve ser o tom do feedback.

Larissa Fonseca: Sim, as dicas para o feedback são para que não haja muita distorção das palavras dos alunos e elas sejam apresentadas na íntegra para os professores, mas também sem desrespeitar o professor e de uma maneira que o feedback seja efetivo, gerando uma mudança ou continuidade da ação tomada. O feedback geral é apresentado normalmente numa reunião de colegiado e comentários específicos sobre cada professor são enviados para cada um, via e-mail.

Pedro: A Larissa descreveu bem a importância da estruturação das proposições dos alunos, visto que elas são entregues na íntegra e de forma anônima. Os dados gerais coletados via Google Forms são utilizados para montar uma apresentação, com margem para interpretações tanto da parte dos alunos como dos professores. Já os feedbacks individuais dos docentes (positivos e negativos) são enviados via e-mail individualmente, para evitar qualquer tipo de constrangimento. Destacamos durante a apresentação como “menções honrosas” os comentários bastante positivos de alunos, numa tentativa de exaltar o bom trabalho de alguns professores e motivar outros.

Algum exemplo de efetividade das apresentações das avaliações e dos feedbacks individuais no dia a dia dos cursos?

Pedro: Uma queixa muito frequente da parte dos alunos era em relação à falta de organização de certas disciplinas, com a matéria não necessariamente bem dividida e aulas que iam até o último dia do período, ou até um pouco adiante. Em 2020.2 ouvimos relatos de alguns professores que apresentaram cronogramas completos no início do semestre, tentando atender essa necessidade.

Podemos dizer que alunos e professores têm feito esforço para superar desafios das aulas remotas?

Pedro: Como mencionei anteriormente ao falar de feedbacks, nós separamos os elogios para professores que fazem um trabalho excepcional nos períodos remotos e não são poucos. Tivemos desde professores que não possuíam ou tinham pouquíssimo contato com plataformas digitais se reinventando para dar aula, como também professores dando aulas extremamente integradas e bem montadas, com direito a gravações de aulas práticas de laboratório. Vale destacar também o esforço de alguns em tentar sempre ter uma abordagem mais humana durante a pandemia, visto que este tem sido um momento bem difícil para todos. Da parte dos alunos, podemos orgulhosamente falar da movimentação do nosso servidor semioficial da Metalmat no Discord, sempre com trocas muito interessantes via chat ou com salas de estudo de áudio ativas e preenchidas.

O Programa de Apadrinhamento também é uma iniciativa valorizada por vocês, como funciona?

Pedro: Anualmente a CAMM organiza uma cerimônia de apadrinhamento, onde calouros podem escolher um veterano para se tornar seu “padrinho acadêmico”. O padrinho é responsável por acompanhar e realizar uma tutoria, ajudando o aluno mais novo a conhecer melhor a faculdade, se integrar ao departamento e também dar dicas valiosas que só a experiência é capaz de proporcionar. 

Poderiam dar um exemplo de estudante apadrinhado? Vocês têm uma experiência de como foi útil ter sido apadrinhado?

Larissa: Sim, entrei em 2019, fui apadrinhada e hoje sou madrinha de duas alunas. A experiência é incrível, desde a confraternização para escolha de padrinhos até o suporte que não acaba quando você vira veterano. Minha madrinha sempre me ajudou a escolher os melhores professores e matérias para a minha formação, além de todo auxílio durante a minha jornada de conseguir liberação para estágio junto à Politécnica.

Pedro: Meu depoimento é de quem não foi apadrinhado no primeiro período. Entrei em 2017 no curso e, por imaturidade e falta de conhecimento, faltei ao apadrinhamento, achando que seria somente mais uma festa de calouros e veteranos. Durante o primeiro ano sempre tive que correr atrás de veteranos diferentes para tentar conseguir informações ou dicas, às vezes com um clima meio constrangedor por falta de intimidade. Me sentia um pouco frustrado por ver meus amigos recebendo uma atenção especial e perceber que tinha perdido esse momento. Em 2018 conheci meu atual padrinho, que havia acabado de retornar de um intercâmbio na França. Até hoje gosto de conversar e montar as minhas grades com ele. Recebi total apoio ao aplicar para o meu atual estágio e percebo que ele sempre está preocupado para que eu não repita alguns mesmos erros que ele.

Em relação aos veteranos, quais têm sido as reivindicações?

Larissa: Principalmente sobre o período remoto e as dificuldades de relacionamento com professores. 

Pedro: Muitos alunos ainda se queixam de modelos de provas muito restritos. As tradicionais provas escritas de duas horas não se encaixam bem nos modelos remotos, principalmente devido à instabilidade de conexão e energia comuns em nosso país. Apesar do feedback, alguns professores insistem nesse modelo, e as reclamações dos alunos são frequentes. Outra reclamação, de menor proporção, está relacionada a professores que não gravam ou permitem que gravem as suas aulas. Apesar de todos terem o direito de preservar a própria imagem, os alunos consideram que as aulas gravadas são um grande facilitador na rotina do ensino à distância.

A pandemia impôs o ensino remoto. O que acha que essa experiência diferenciada de estudo vai ou pode trazer para vocês como futuros profissionais?

Milena: Acho que o futuro tanto da educação quanto de alguns empregos será o modo on-line. Então, acredito que os períodos com aulas remotas irão agregar experiência caso isso ocorra. Estamos tendo que gerir melhor nosso tempo e prazos, organizar os estudos e lidar com imprevistos e problemas externos. Com certeza é uma pequena amostra do que podemos enfrentar mais pra frente. 

Muito trabalho e novos projetos para os próximos meses?

Pedro: Atualmente a CAMM tem intermediado alguns casos de insatisfações de turmas com disciplinas e está preparando algumas atividades de integração para calouros e veteranos. Dentre nossos projetos, está retornarmos com nossos informes mensais, atualizando o corpo discente sobre as principais medidas tomadas no colegiado e ações em prática da confraria.

Milena: E a partir de novembro começaremos a nos organizar para realizar o processo eleitoral em dezembro.

Há quanto tempo estão na CAMM, qual foi a motivação para participarem e o que acham que a experiência vai conferir a formação de vocês?

Milena: Estou há dois anos e meio. Entrei pela vontade de ajudar a mudar coisas que eu achava erradas no curso ou professores e auxiliar os alunos com seus problemas. Com certeza ganhei experiência de lidar e trabalhar em grupo, gerir um grande número de pessoas e atender uma grande demanda. Além disso, a proximidade com a coordenação me ensinou muito sobre como me portar e comunicar com posições de autoridade.

Pedro: Também entrei no primeiro semestre de 2018. Fui convidado por um veterano meu, atualmente ex-membro da confraria. Na época, achei a proposta interessante e me orgulho bastante da minha trajetória. Sem dúvida, a confraria me ajudou a ganhar maturidade. Saber ouvir os outros, se posicionar no momento certo e com as palavras certas são habilidades muito importantes e que são úteis não só no ambiente acadêmico, mas em todas as áreas da vida. As habilidades de comunicação e resiliência em geral são bastante aperfeiçoadas durante a participação nesse tipo de projeto.

Larissa: Estou na CAMM há sete meses e entrei com a motivação de ajudar a tornar o departamento melhor para os alunos. Acredito que a experiência vai ampliar minhas habilidades em comunicação, negociação e trabalho em equipe.

Composição da CAMM:
  • Diretora Geral: Milena Gonçalves dos Santos
  • Vice-diretor Geral: Pedro Bomfim Ramos
  • Diretor de Finanças: Getúlio Cícero Santos
  • Diretor de Ensino:  Jorge Lucas da Silva Freitas
  • Diretor de Comunicação: Luiz Felipe Faria Ricardo
  • Assessores de Finanças: Maria Paula Nascimento e Eduardo brum
  • Assessores de Ensino: Larissa Fonseca e lara Castro
  • Assessores de Comunicação: Kelen Barcelos e Amanda Gomes

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